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[Review] SSD KingSpec 90GB SATAIII “Q-90”

Fala galera, tudo de boas?

Depois de alguns milhares de anos vivendo a margem da sociedade no que diz respeito a unidade de armazenamento que usava na minha bancada e de quebra nos reviews/artigos, finalmente lhes apresento meu novo SSD, um KingSpec 90GB SATAIII “Q-90” que comprei novembro do ano passado pela AliExpress na loja oficial do fabricante e só agora chegou em minhas mãos! :/

No que diz respeito ao fabricante, trata-se de uma empresa chinesa fundada em 2005 e como acontece com a maior parte desses fabricantes de produtos eletrônicos chineses, tem sede em Shenzhen. Apesar do nome arremeter a “Kingston”, não existe qualquer ligação entre essas companhias sendo que os produtos da KingSpec são de projeto próprio e portanto não se tratam de cópias “xingling” de produtos de outros fabricantes.

O que me motivou a pegar esse SSD foi a principio o preço, essa unidade me custou R$113 na época e apesar de não parecer muita coisa, 90GB é mais do que o suficiente para o uso que darei para esse carinha. Outra aspecto é o fato de ser “cobaia”, ver se esses SSDs funcionam a contento do ponto de vista de performance e durabilidade, sendo que esse segundo item é algo que só o tempo irá nos responder.

Com relação a garantia, a KingSpec oferece 3 anos para esse SSD diretamente com eles, o que é algo bem decente e denota certa confiança do fabricante em relação ao produto.

A embalagem chama a atenção para o escrito “SSD” e esse desenho que parece o rosto de alguma fera. Por alguma razão existe pouco destaque para a marca KingSpec sendo o design um tanto genérico em relação ao que estamos acostumados a ver nos fabricantes com maior presença no ocidente, todavia, para aquilo que importa para os consumidores que é a capacidade da embalagem proteger o conteúdo, especialmente se levarmos em consideração os maus-tratos que a encomenda sofre no caminho até chegar em nossas mãos, ela cumpre o que promete, sendo que o SSD vem acomodado em um plástico juntamente com os parafusos de fixação para o mesmo.

Sobre o SSD em si, a carcaça usa o mesmo grafismo encontrado na caixa e de resto, é semelhante a qualquer outro SSD 2.5” disponível no mercado. Outro detalhe é que a KingSpec optou por não usar parafusos para fixação do “chassis” sendo as partes apenas encaixadas nas laterais, o que além de ser uma medida razoável de corte de custos ainda me permite fazer a “biópsia” do SSD sem danificar as etiquetas, o que implica que não perco a garantia no processo. 🙂

O PCB do Q-90 é um tanto compacto e possui apenas dois chips soldados além dos componentes SMD, no caso, a memória NAND que é fornecida pela Micron, possui código “NM856”, podendo ser identificada por MT29F768G08EEHBBJ4-3R:B no site do fabricante e que trata-se de uma memória 3D NAND TLC de 96GB. Apenas clarificando, essas siglas como SLC, MLC e TLC se referem ao número de bits por célula de memória, sendo que o TLC permite “armazenar” 3 bits por célula, MLC 2 bits e SLC apenas 1 bit e a implicação disso é que uma célula TLC consegue armazenar mais dados no mesmo espaço, ou seja, apresenta maior densidade que as outras sendo esse o caminho a seguir para conseguir fabricar dispositivos com capacidade de armazenamento cada vez maiores.

Sobre a controladora, por algum motivo a mesma foi remarcada como “Initio INIC-6081” mas conforme o pessoal do overclockers.ru descobriu, trata-se da Phison S11, que é uma controladora “DRAM-Less” que oferece suporte a memórias 3D NAND sejam elas MLC ou TLC e é usada em diversos modelos de SSD SATA atuais. O fato da controladora ser “DRAM-Less” trás consigo vantagens e desvantagens, sobre as primeiras tem o fato de simplificar o design do PCB e cortar o custo de um chip DRAM, o que é algo considerável em tempos de alta de preço desse tipo de memória e sobre as desvantagens, podem ir desde uma pequena queda na performance em relação a modelos com DRAM até uma grande diminuição na vida útil do SSD devido ao maior número de escritas na NAND por necessidade de sempre gravar o mapa dos endereços de memória diretamente nela, sendo que esse ultimo caso é especialmente preocupante no caso de memórias TLC planares.

Felizmente existem varias formas de se mitigar esses problemas, por exemplo, essa controladora da Phison inclui 32MB de SRAM no seu die e também faz uso de algoritmos que carregam ali apenas as partes do mapa com os endereços de memória que são acessados de forma mais recorrente, amenizando possíveis quedas de performance, diminuindo o número de escritas a esse mapa diretamente na NAND, preservando assim sua vida útil. 🙂

Como disse acima, a KingSpec optou por usar memórias 3D NAND TLC e isso é muito bom! Não muito tempo atrás, as NAND TLC planares eram meio que mal vistas por conta da menor performance/durabilidade das mesmas em relação as MLC, felizmente isso foi algo que mudou com esses chips “3D”. Sobre o processo de fabricação dessas memórias 3D, elas são construidas de forma semelhante a um arranha-céus, só que obviamente em escala muito reduzida e apesar das vantagens que esse tipo de arranjo trazem no que diz respeito a durabilidade, densidade e performance, ainda existem grandes desafios técnicos no que diz respeito ao processo de fabricação (exemplo: um pequeno defeito em um “andar” mais baixo comprometem todos os demais e uso de double patterning em algumas partes do chip), alto custo de adequação das fabricas e no aumento do número de “andares”.

Para aqueles que desejam se aprofundar mais no assunto ou entender melhor essas questões, recomendo esse excelente artigo do ArsTechnica que explica de forma bastante didática como SSDs funcionam e também esse outro artigo de cunho um pouco mais técnico. Já sobre a questão das 3D NAND, sugiro a leitura desse texto do SemiEngineering, que aborda essa questão das vantagens, desvantagens e dificuldades encontradas na fabricação dessas 3D NAND.

E por fim, a tabela abaixo foi retirada diretamente do site da KingSpec contendo as especificações dos SSDs da linha “Q-XXX”, que abrange modelos com capacidade de 90, 180 e 360GB e é curioso que apesar desse “Confidential” na imagem abaixo, a mesma foi retirada diretamente do site do fabricante podendo ser acessada por qualquer pessoa sem restrições.

specs

Vamos aos testes então! Para isso usei a seguinte configuração:

CPU: AMD Ryzen 5 2400G

MOBO: MSI B350I PRO AC

RAM: 2x8GB G.Skill Flare X 3200 CL14

PSU: Antec Quattro 1200W

COOLER: WC Custom

SSD: KingSpec 90GB SATAIII Q-90

Software: Windows 10 x64, ATTO Disk Benchmark 3.05,  Anvil Storage Utilities, Crystalmark 6.0.0 x64.

Primeiramente o ATTO Disk Benchmark que é o software que diversos fabricantes adotam como referência para determinar as taxas de leitura/escrita de seus SSDs e que usa apenas dados em formato RAW (sem compressão) nos testes, o que explica as diferenças que costumam aparecer nos resultados em relação a outros benchmarks que usam dados aleatórios nas medições, sendo esse ultimo uma situação mais próxima do uso real. As especificações dizem que esse modelo faz até 570MB/s de leitura e até 500MB/s de escrita, vejamos então:

atto

Na prática o Q-90 atingiu 562MB/s de leitura e 542MB/s de escrita, o que é excelente para um SSD SATA de baixo custo e supera o rotulado no que diz respeito a escrita! Lembrando que o SO está instalado no SSD visando simular condições de uso real, portanto, os resultados poderiam ser um pouco melhores caso tivesse instalado o SO em outro disco e passado o benchmark no SSD “zerado”.

O próximo benchmark que optei por usar é o Crystalmark, rodei com 100MB e 1000MB pois são os padrões mais utilizados e diferentemente do ATTO, esse benchmark usa dados aleatórios, o que explica a diferença entre as duas ferramentas. Também é importante frisar que os resultados aqui apresentados não são de todo comparáveis com as versões anteriores do Crystalmark, o que exige cautela na hora de se fazer comparações.

Agora no Anvil Storage Utilities, que é um benchmark que faz uma serie de testes de leitura/escrita e da um resultado em forma de pontuação que pode para ser comparado com outros SSDs, o Q-90 fez 2746,86 pts no total, sendo que ficou um pouco abaixo das especificações em 4K Read/Write IOPS, mas novamente devo frisar que os valores apresentados nas especificações são os “máximos” e não faço ideia de qual software/configuração que o fabricante utilizou para chegar nesses valores. De toda forma, não é um resultado ruim para um SSD barato como esse.

anvil

Conclusão:

O que da pra concluir é que esse SSD apresenta uma excelente relação custo/beneficio, custando pouco mais de R$100 e mesmo assim entregando uma performance legal pelo preço. Se você está com a paciência em dia no que diz respeito a demora para entrega dessas encomendas vindas da China e procura um SSD bom e barato para dar um gás em algum notebook antigo ou mesmo usar para instalação do SO, posso recomendar o Q-90.

A única incógnita é com relação a durabilidade, algo que infelizmente não tenho como fazer nada além de supor que deve ser bom afinal de contas o fabricante oferece garantia de 3 anos para o produto.

E é isso! Dúvidas, perguntas e sugestões são bem-vindas! Até a próxima. 🙂

 

EDIT: Texto revisado com maiores informações sobre os benchmarks – 14/4/2018 – 12:30

EDIT2: Biópsia do SSD adicionada – 14/4/2018 – 23:27

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5 Responses

  1. matheusta disse:

    Comprei um Msata da KingSpeac e tava um pouco aflito por só ter achado criticas negativas na internet, até ler esse artigo

  2. Gilmar disse:

    Pedir um de 512gb tô com medo do r/w ser baixo, paguei 230 reais

    • renan disse:

      Olá amigo, com relação ao ssd que vc pediu como ele está? Ainda está vivo?
      vc usa bastante ele?

  3. Renato disse:

    Olá Giancarlo, gostaria de saber se você ainda utiliza esse SSD e se ele apresentou algum problema até então. estou pensando em comprar um Kingspec 2.5 de 960TB e até o momento não vi críticas aos SSDs de 2.5 SATA III.

    Grato pela atenção.

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