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AMD Athlon 200GE – Primeiras impressões, overclock e benchmarks

Fala pessoal, beleza?

Em 1999, a AMD lançou o Athlon, que basicamente era o seu novo CPU high-end cuja árdua missão era a de substituir o K6-III e ainda ser competitivo com o Pentium III em desempenho, algo que de acordo com esse brilhante review do Anandtech de 1999 (!!!) foi atingido com sucesso. No entanto, o tempo foi se passando e assim como a Intel, que com o lançamento da linha Core 2 Duo relegou a sua lendária marca “Pentium” para os CPUs de baixo custo, a AMD fez o mesmo com o Athlon após o lançamento do Phenom, permanecendo assim até hoje.

Sabendo disso, o Athlon 200GE trata-se de um modelo de baixo-custo com MSRP de apenas $55, sendo essa a primeira incursão da arquitetura Zen nesse mercado dominado até então por modelos como o Pentium G4560 e APUs Bristol Ridge ainda baseadas na ultima iteração da arquitetura Bulldozer e fabricados em 28nm.

O modelo em questão é um dual core com SMT trabalhando @ 3.2GHz sem boost, com vídeo integrado Vega 3, TDP de apenas 35W, suporte a RAM @ 2666 e multiplicador travado, portanto, oficialmente não é possível fazer overclock nesse CPU, porém, você está lendo esse artigo na TheOverclockingPage e por aqui as palavras “limite” e “impossibilidade” não existem quando o assunto é overclock. 😉

Sobre a embalagem do produto, o Athlon 200GE vem em uma pequena caixa com grande destaque ao logo Zen com a marca “Athlon” escrita com a mesma fonte do “Ryzen” e ao vídeo integrado pertencente a arquitetura Vega.

Como disse anteriormente, o Athlon 200GE é um CPU oficialmente travado para overclock e com TDP de apenas 35W, o que implica que não é necessário muita coisa para manter a temperatura desse chip sob controle e de fato, o cooler que acompanha esse produto é bastante diminuto, sendo similar a aqueles que acompanhavam os antigos Athlon II X2 e Semprons lá em 2009!

O CPU em si vem no tradicional blister plástico que usado pela AMD desde o lançamento do Athlon 64 sendo que também acompanham ele o conjunto de adesivos Athlon e Vega.

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Todo esse papo da caixa e das marcas ali usadas nos indicam uma coisa, o Athlon 200GE é basicamente uma APU Raven Ridge com várias partes do die e alguns recursos, como o Precision Boost 2, desativados. Sendo mais preciso, na CCX a AMD desativou dois cores e manteve os 4MB de L3 intactos, na parte GPU apenas 3 CUs sobraram, o número de lanes PCI-E disponíveis para uso em slots PCI-E foi reduzido de 8 para apenas 4, o clock máximo será sempre de 3.2GHz independentemente do workload, o clock máximo do GPU é 1GHz sendo que o mesmo não pode ser alterado e por fim, o clock máximo das memórias é limitado em DDR4-2666.

No die shot abaixo, está circulado em amarelo as partes da CCX e do GPU que estão ativadas no Athlon 200GE, para maiores detalhes da arquitetura, sugiro a leitura do review das APUs Raven Ridge, onde trago maiores detalhes sobre esse ponto.

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Vamos então a configuração utilizada e os resultados obtidos:

Configuração utilizada:

CPU: AMD Athlon 200GE (obrigado AMD)

MOBO: MSI B350I PRO AC – Bios P1.80 (obrigado AMD) e ASUS ROG Crosshair VII Hero – Bios 1103

RAM: 2x8GB Patriot Viper RGB 3000 CL15 (obrigado Patriot) e 2x8GB G.Skill Flare X 3200 CL14 (obrigado AMD)

STORAGE: SSD Sandisk Plus 120GB

COOLER: CM Blizzard T2

SO: Windows 7 x64 SP1

Objetivo dos testes: Originalmente, a ideia era colocar um chip desses em uma placa-mãe com gerador de clock externo para ver se dessa forma conseguiria fazer overclock no 200GE, entretanto, começaram a surgir rumores internet a fora de que a princípio placas-mãe MSI (e posteriormente GIGABYTE) usando bios com o AGESA 1.0.0.6 estavam permitindo o ajuste do multiplicador nesse CPU, desbloqueando parcialmente o chip, facilitando muito o overclock, permitindo a brincadeira com placas-mãe bem mais acessíveis e condizentes com a proposta desse CPU.

Sendo assim, o objetivo desses testes é verificar se realmente é possível fazer overclock no Athlon 200GE, verificar seus limites e limitações. Por enquanto os testes se resumirão a refrigeração a ar sendo que testes extremos serão mostrados em um artigo futuro! 🙂

Primeira tentativa de overclock foi na Crosshair VII Hero, que possui gerador de clock externo. O primeiro passo foi atualizar a bios para versão 1103 com AGESA 1.0.0.6, entretanto, nessa placa ela não liberou o multiplicador do CPU, o que significa que o único meio de se fazer overclock aqui é subindo o BCLK, algo que também afeta o clock da RAM e do PCI-E.

Dessa forma foi possível obter o resultado abaixo, 3936MHz no CPU sendo que a frequência máxima no BCLK em que a placa ainda passava no post foi de 118MHz e para se obter esses 123MHz, foi utilizado o TurboV Core. Infelizmente encontrei um muro nesses 123MHz e qualquer coisa acima disso fazia a maquina travar sendo que para tentar contornar isso tentei vários artifícios como limitar o PCI-E em Gen 1 e abaixar o clock das memórias, infelizmente sem sucesso.

200ge r15 asus bclk

Agora na MSI B350I PRO AC foi diferente, como apontado pelos rumores, a placa da MSI utilizando a ultima bios de fato liberou o multiplicador do CPU, ainda que o clock das memórias continue travado em no máximo 2666MHz e não exista a possibilidade de ajuste da frequência do GPU integrado.

Abrindo um parênteses aqui, fica meus parabéns a MSI pelo trabalho na bios dessa placa, que desde a data de publicação do review, removeram aquela limitação ridícula nos ajustes de tensão (por exemplo, agora o vcore vai até 1.7V), consertaram o bug da latência elevada em alguns kits de memória e implementaram algumas funções como o ajuste de BCLK em até 103MHz, sendo que esse ultimo podemos colocar na conta da AMD pois a implementação do mesmo depende do AGESA disponibilizar acesso aos registradores referentes ao gerador de clock integrado ao FCH. Outra vantagem é que agora é possível instalar o Windows 7 nas APUs Raven Ridge, algo que até agora era impossível resultando em BSOD durante a instalação!

Dessa forma, foi possível validar 4195.12MHz no Athlon 200GE utilizando um vcore de 1.55V, frequência de chaveamento do VRM em 1MHz e LLC 2, tudo isso usando apenas um Cooler Master Blizzard T2, que é um cooler bastante simples e barato, podendo ser encontrado por cerca de R$50! Esse resultado é muito bom e o fato de boa parte do die estar desativado certamente tem a sua parte nesse negócio, afinal de contas, a corrente máxima usada por essa configuração 2c/4t é consideravelmente menor do que no 4c/8t assim como a dissipação de calor é menor, alias, a dissipação de calor é menor para a mesma área de 212mm², o que implica em uma menor densidade térmica em relação a um 2400G e com isso uma maior margem para se utilizar tensões de operação mais elevadas sem que isso danifique o CPU.

Os benchmarks em sua maioria rodaram em cerca de 4150MHz, o que é comparável a minha amostra “premiada” de Ryzen 3 2200G, algo excelente!

Apenas para constar, também rodei o 3DMark Night Raid, que é um benchmark 3D que usa a API DX12 e é voltada aos vídeos integrados. O resultado aqui não foi nada estelar porém dentro do esperado para um GPU Vega com humildes 3 CUs ativados e trabalhando a apenas 1GHz sendo que caso o ajuste de overclock do GPU e da RAM fossem liberados, o resultado poderia ter sido muito melhor!

night raid 1

Apenas para referência, ainda que a comparação não seja exatamente válida, essa é a pontuação do R5 2400G na minha configuração para uso diário usando o mesmo Blizzard T2.

Conclusão:

O Athlon 200GE é uma excelente alternativa nesse mercado de baixo-custo e agora, mesmo que “acidentalmente”, uma boa fonte de diversão de baixo-custo para overclockers atingindo as mesmas marcas que os demais CPUs fabricados no mesmo processo de fabricação.

Definitivamente não sei se a AMD pretende lançar mais SKUs com clocks mais elevados nessa linha Athlon, no entanto, a minha sugestão é um SKU oficialmente destravado (ou que terminem de liberar o overclock no 200GE?) nessa linha pois isso agregaria ainda mais valor ao produto e seria um grande diferencial nesse mercado pois a concorrência não oferece nenhum CPU “K” nessa faixa de preço.

Por enquanto é só! Dúvidas, críticas e sugestões são bem-vindas!

Até a próxima.

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3 Responses

  1. Anderson Moretto disse:

    Conheci a pouco a pagina e estou curtindo demais o trabalho! Parabéns!

    Estou usando um Athlon 200GE provisoriamente em uma MSI B350, rodando em 3.9 com vcore em 1.4, qual seria a margem segura de vcore para o dia a dia? Outra duvida é com relação ao BCLK, terei problemas com os dados no HD mexendo nele? Valeu!

    • Olá Anderson,

      Para uso diário eu manteria nesses 1.4V, apesar do 200GE ter margem pra ir além pelo fato de ser um dual core fabricado ainda no processo de 14nm.
      Sobre o BCLK, isso varia de dispositivo para dispositivo… Eu particularmente nunca tive problema de corrupção de dados em HD/SSD por conta disso, entretanto, se me lembro bem, o adaptador WiFi da X370 Taichi parava de funcionar depois de uns 109MHz no BCLK. De todo modo, se for mexer com isso, faça backup das informações importantes antes. 😉

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