Review – Galax RTX 4060 EX – Uma boa placa que pode não ser uma boa
Fala pessoal, beleza?
Nessa review irei analisar a Galax RTX 4060, que ao menos até o momento, se trata do modelo porta de entrada para a série RTX 40, que marcou sua estreia com a RTX 4090 e assim como ela, a 4060 também traz consigo suporte a DLSS3 e encode/decode AV1.
Da embalagem, na frente da caixa temos destaque ao modelo da placa, os 8 GB de VRAM e o sujeito “encapuçado” que ilustra as placas da Galax da série RTX 40, já na parte traseira, temos mais informações a respeito dos recursos oferecidos pela placa.


Acompanham a placa um folheto e um cabo adaptador para o RGB.



O cooler utilizado é uma unidade 2 slots com duas fans de ~100 mm com iluminação RGB, o que também abrange o “GEFORCE RTX” da lateral. O comprimento da placa é de cerca de 264 mm, o que não deve representar um desafio para a maioria dos gabinetes modernos.
O TDP é de 130W e diferente do que ocorre com as RTX 4070 em diante, que costumam usar os novos conectores 12VHPWR, nessa RTX 4060 foi adotado o bom e velho conector PCI-E de 8-pinos, o que dispensa o uso de adaptadores.





No espelho traseiro, a Galax optou por oferecer 3x Displayport e 1x HDMI, o que está dentro do esperado para uma placa moderna como essa.
Sobre a garantia, ponto positivo para a GALAX por não usar lacres nos parafusos ou coisa semelhante, o que é ótimo, pois permite ao usuário realizar a manutenção e limpeza da placa sem “nóias” relativas à perda da garantia, claro, isso considerando o manuseio correto da VGA de modo a evitar danos ao equipamento. Conforme consta no contrato de garantia, o seu prazo é de três anos, o que é excelente!
A respeito do dissipador utilizado, o fabricante optou por um design usando dois heatpipes de contato direto com a GPU, onde essa base também faz a dissipação de calor das memórias, cujo contato é feito usando “thermal pads”. Sobre o “backplate”, ele é de metal e não possui “thermal pads”, portanto, tem apenas função estética e de dar maior rigidez a placa.
Sobre o PCB, ele é bastante compacto e na parte da frente é possível ver a GPU AD107 com os quatro chips de memória GDDR6, o VRM de quatro fases para a GPU, uma fase para as memórias e o conector de força, enquanto na parte de trás, encontram-se logo atrás do chip gráfico alguns capacitores responsáveis pela filtragem da tensão de saída do VRM e controladora RGB.
Esse design é bastante simples, onde essa placa nem mesmo conta com os tradicionais “shunts” para monitorar a corrente nos conectores, como é de praxe nas placas da NVIDIA. Mais adiante, veremos as implicações dessa escolha de design.


Assim como as demais GPUs Ada Lovelace, o AD107 também é fabricado pela TSMC em uma variante do seu processo de 5 nm otimizada para uso da NVIDIA, a qual é denominada “4N”, e possui die size de apenas 146 mm², o que até o momento, é o menor chip dessa geração.
Em termos funcionais, a variante do AD107 utilizada aqui é a AD107-400-KA-A1, que vem com todas as suas unidades funcionais ativadas, o que corresponde a 3072 CUDA Cores, 96 TMUs, 48 ROPs, 96 Tensor Cores, 24 RT Cores e 24 MB de cache L2.


Os chips de memória GDDR6 são os SK Hynix H56G42AS6D de 14 Gbps e densidade de 16 Gb, onde foram utilizados quatro desses chips em um barramento de 128-bits para um total de 8 GB de memória.
Sobre o VRM da placa, são 4 fases para a GPU, onde foi adotado o controlador uP9512U. A respeito do estágio de potência, a Galax optou por utilizar mosfets discretos fabricados pela Ubiq, o QN3103 na alta e o QN3107 de baixa, com apenas um componente para cada lado.
No caso do QN3103, ele pode fornecer até 43A @ 100 °C na saída, com tempo de subida (Tr) e de queda (Tf) de 43ns e 6ns, respectivamente, o que significa que esse mosfet é bastante “lento”, o que deve ter implicações nas perdas por chaveamento e por consequência, na eficiência geral do conjunto. Já na baixa, o QN3107 possui rds(on) @ Vgs=10V de 2.6mΩ, o que também não é nenhuma maravilha.
Teoricamente, para uma tensão de entrada de 12V, Vgs de 10V, FSW (frequência de chaveamento) de 300KHz e corrente de carga de 80A (pico apontado pela telemetria do controlador do VRM via Elmorlabs EVC2), a dissipação de calor desse VRM deve ficar na casa dos 13.9W, enquanto para uma corrente de 100A (overclock pesado com overvolt) esse valor salta para aproximadamente 18.5W, algo que a solução de refrigeração adotada pela Galax deve dar conta , entretanto, como era de se esperar pelas especificações dos mosfets, a eficiência desse VRM ficou na casa dos 86,4% para 80A e 85% para 100A, o que é algo abismal.
Isso não significa que o projeto é inadequado para essa GPU, que a placa vai pegar fogo ou coisa do tipo, mas sim que para um produto de 300 dólares, poderiam ter empregado Powerstages ao invés desses mosfets discretos de baixo-custo, o que diminuiria as perdas no VRM e ao menos em tese, daria maior margem de potência para a GPU. Essa é uma observação que também cabe para as RTX 4060 dos demais fabricantes, onde a maioria delas usa um PCB muito similar a esse, algo que pode ser visto nas reviews do TechPowerUp, onde eles testaram diversos modelos diferentes.




Feitas as apresentações, vamos às configurações utilizadas e aos resultados!
Configurações utilizadas:
CPU: AMD Ryzen 7 7700X (Obrigado AMD!)
MOBO: GIGABYTE B650M Aorus Elite AX
RAM: 2x16GB Kingbank DDR5 6800 (Hynix A-Die)
VGA: Galax RTX 4060 EX (Obrigado Gabriel Ferraz!)
STORAGE: SSD Goldenfir 256 GB + Kingston UV500 960 GB (Obrigado Terabyteshop!)
PSU: Coolermaster MWE Gold 1250 V2 Full Modular
SOFTWARE: Windows 11 (NVIDIA 536.40), GPU-Z 2.54.0, 3DMark, Blender 3.6, Unigine Superposition, Shadow of Tomb Raider, Cyberpunk 2077, Far Cry 6 e Horizon Zero Dawn.
EQUIPAMENTOS EXTRAS: FLIR One LT e termometro GM1312.
Objetivo dos testes:
Avaliar como a Galax RTX 4060 EX 8 GB se sai com a solução de refrigeração padrão, desempenho em alguns jogos e por fim, seus resultados em benchmarks competitivos. Explicações acerca da metodologia adotada ou de como os testes foram conduzidos estão contidas nos textos que acompanham os resultados a seguir.
Resultados:
Primeiramente, vamos ver como o sistema de refrigeração da Galax se sai. Para fazer todos esses testes, foi utilizado o Unigine Superposition no preset “4K Optimized”, que é um benchmark suficientemente longo (cerca de 3 minutos de duração) e que simula bem uma carga de “uso real” do GPU, em outras palavras, não é um “power virus” como o Furmark que estressa a VGA a níveis irreais e normalmente faz a placa entrar em throttling por comando do ‘driver’. Para esses resultados, o ‘driver’ foi mantido nas configurações padrão e o Ryzen 7 7700X estava rodando em stock com as memórias em 6200 MT/s 30-36-30-44.
Temperatura/FLIR:
No gráfico abaixo, temos os resultados obtidos para diferentes configurações de clock e rotação do fan, onde a temperatura ambiente no dia dos testes foi de 25ºC sendo essa informação de suma importância para a interpretação dos resultados e mesmo para quem quiser ter uma ideia dos deltas.
Os testes foram conduzidos com a placa completamente em stock, stock com FAN @ 100%, overclock com FAN Auto com PL +113%, que é o máximo para esse modelo, e por fim, overclock com FAN 100%.
Um ponto importante é que a NVIDIA agora também apresenta leitura de temperatura de “Hot Spot”, porém, diferente da AMD, ela continua utilizando a temperatura de borda, que é a leitura que sempre existiu, para determinar o funcionamento do GPU Boost, de todo modo, esse novo sensor pode ser útil para verificar se a montagem do cooler ou aplicação de pasta térmica estão OK.
Também é importante ressaltar que esses testes aqui foram todos conduzidos em bancada e que a temperatura “ambiente” dentro de um gabinete tende a ser maior que a temperatura ambiente de fato, o que é um detalhe importante caso alguém tente reproduzir os resultados aqui apresentados.
Dos resultados mostrados acima, é possível verificar que a solução de refrigeração original da placa foi capaz de entregar excelente desempenho em qualquer uma das situações testadas, apresentando no pior cenário 68 °C para a GPU e 83,1 °C para o Hot Spot, o que é ótimo, afinal, mesmo com uma temperatura ambiente próxima de 30 °C, a temperatura da GPU ainda permaneceria abaixo dos 80 °C.
Para validar a temperatura das memórias e VRM, foi utilizado a FLIR One LT e como é de praxe, foram registradas as temperaturas na parte de trás do PCB, onde para se fazer isso, foi removido o backplate da placa. Em ambos os casos, as imagens foram capturadas no último loop do Unigine Superposition com a placa no “pior caso testado com overclock”, que foi com FAN Auto e overclock. A temperatura ambiente no momento desses testes foi de 24,5 °C.




Com a placa trabalhando nessas condições, foi verificado uma máxima de 60,1 °C para o VRM e 51,4 °C para as memórias, o que são resultados excepcionais e definitivamente não representam problemas a longo prazo para os componentes utilizados.
Temperatura/Frequência:
Na galeria abaixo, é possível verificar comportamento detalhado da placa em termos dos clocks e temperaturas ao longo do benchmark:




A RTX 4060 se mostrou um pouco limitada pelo “Pwr PerfCap” em stock, algo que mudou ao se liberar os +13% de Power Limit, o que princípio parecia ser pouco, mas se mostrou suficiente nessa placa.
Consumo:
Para realizar a medição do consumo da placa, foi utilizado o Elmorlabs PMD com o acessório para slot PCI-E, afinal, medir apenas o que está sendo exigido do conector PCI-E 8-pinos resultaria em um cenário irreal, ignorando até 75W do consumo total.


Aqui ficou claro que uma das consequências de se jogar pela janela o “consagrado” esquema de medição de consumo usando shunts foi a precisão: Mesmo em stock, a placa não respeita o TDP de 115W, excedendo-o de maneira consistente quando olhamos a média do consumo durante o Unigine Superposition, algo que também foi observado pelo Igor’sLab em jogos. No caso, foi registrada média de 125W com a placa em stock, ou 10W a mais que o esperado.
Ao fazer overclock, o consumo médio foi de 146W, um aumento de 14.4% para um incremento de 13% no Power Limit.
Benchmarks:
Sobre os benchmarks, foram escolhidos o Blender, Cyberpunk 2077, Far Cry 6, Horizon: Zero Dawn, Shadow of the Tomb Raider (SOTTR) e o UL Procyon, ou seja, duas aplicações profissionais e quatro jogos com suporte as últimas tecnologias.
- No Blender, foi utilizado o demo do BMW, onde foi utilizado OptiX para a renderização.
- No Cyberpunk 2077, foi utilizada a última versão do jogo, rodando em 1080p/1440p com o preset “High”, RT no “medium” DLSS no modo “Quality” sem Frame Generation. Para obtenção desses números, foi utilizada a ferramenta de benchmark que recentemente foi incluida no jogo.
- No Far Cry 6, foi utilizado o preset “Ultra” tanto para 1080p quanto 1440p, com e sem as opções relacionadas ao Ray Tracing ativadas.
- Horizon: Zero Dawn em 1080p/1440p com os preset no “Ultra”.
- Para o SOTTR, foi utilizada a ferramenta de benchmark inclusa, em 1080p/1440p + preset “High” + TAA com e sem as sombras Ray Tracing ativadas em “High”.
- No UL Procyon, foi utilizado o AI benchmark, que contém uma série de benchmarks de inferência de IA.
Resultados:










Sobre o desempenho nos jogos testados, a RTX 4060 foi capaz de rodar tudo de maneira satisfatória, o que inclui até mesmo o “temível” Cyberpunk 2077 com RT ativado, que com uma mãozinha do DLSS, ficou acima dos 30fps mesmo em 1440p. Nesse caso, não foi utilizado o DLSS3 com Frame Generation por ter observado um certo “Input Lag” por conta da baixa taxa de quadros original.
Outra coisa que foi testada é o impacto do PCI-E 3.0 no desempenho da placa, afinal existe muito hardware sem suporte a PCI-E 4.0 no mercado, o que inclui placas-mãe B450 e CPUs Ryzen 5000G, então, por essa se tratar da opção de entrada para as RTX 40 e também por ela estar limitada a oito pistas, torna-se relevante esse teste.
De forma geral, o impacto do PCI-E 3.0 foi pequeno, ficando na casa dos 7% no pior dos cenários, contudo, é necessário destacar que nenhum desses jogos é particularmente exigente em termos de VRAM e por não dispormos de títulos que sejam assim, não foi possível explorar esse cenário, contudo, é de se esperar que nessas situações, a menor banda do PCI-E 3.0 faça maior diferença, especialmente no frametime, já que ao esgotar a VRAM, a GPU tende a armazenar os dados na memória principal do sistema, o que, obviamente, tem latência de acesso muito maior e menor largura de banda disponível.
Já nas aplicações, a RTX 4060 foi capaz de renderizar o BMW Demo 2.7 em 8,96 segundos usando OptiX e no UL Procyon, foi possível ver o impacto do uso dos Tensor Cores em um benchmark de inferência de IA, onde foi utilizado Windows ML e NVIDIA TensorRT na comparação, ambos com precisão FP32, o que não é o ideal para isso, mas é o melhor que essa ferramenta oferece no momento.
Benchmarks competitivos:
E por fim, sobre os resultados obtidos nos benchmarks competitivos, usando o sistema de refrigeração padrão e sem nenhuma modificação física na placa, foi possível pegar primeiro lugar em todos os testes no ranking do HWBOT, que até o momento, não possui concorrentes. De toda maneira, existe margem para melhorar com o uso de refrigeração à agua, modificações na placa e um sistema operacional mais adequado ao propósito, como, por exemplo, o Windows 10 Ghostspectre e isso será algo a ser explorado em um próximo artigo! 🙂





Conclusão:
Diante do apresentado, foi possível chegar nos seguintes pontos:
A Galax RTX 4060 se mostrou uma placa extremamente decente do ponto de vista do sistema de refrigeração, o qual apresentou excelente desempenho, no caso, em stock com o fan na configuração automática, a temperatura da GPU ficou nos 62,1 °C enquanto o Hot Spot não excedeu os 81 °C, enquanto com o overclock e fans em auto, foram reportados 68 °C e 83,1 °C, o que garante que dentro do case ou em dias quentes, tudo continuará tranquilo nesse sentido
No que diz respeito a temperatura do VRM e memórias, novamente, os bons resultados se repetiram, com o VRM na casa dos 60 °C e memórias nos 50 °C, o que é excelente!
Sobre a construção os componentes utilizados, a RTX 4060 é uma placa bastante básica, onde em seu projeto até mesmo os shunts para monitoramento do consumo foram removidos, o que cobrou seu preço na precisão dos dados de telemetria, com o consumo médio da placa excedendo o TDP por 10W no “Unigine Superposition”.
Outra coisa a se observar é que foram utilizados mosfets discretos de baixo-custo no VRM da placa, algo que cobrou seu preço naquilo que diz respeito a eficiência do circuito. Como já foi dito, isso não se mostrou um problema para uso geral, contudo, é algo que pode acabar sendo um fator limitante para os overclockers mais ousados. De todo modo, essa critica não é exclusiva a esse modelo da Galax e convenhamos, essa é uma placa com preço sugerido de 299 USD, poderiam ter caprichado um pouquinho mais né?
A respeito do desempenho,a RTX 4060 apresentou desempenho satisfatório nos jogos e aplicações testadas, sendo plenamente capaz de atender as necessidades de alguém que precise de uma placa para jogar em 1080p ou em alguns casos, 1440p. Além disso, ela oferece suporte a encoder/decoder AV1 para aqueles que pretendem fazer livestream e pode muito bem ser usada em aplicações profissionais, como o Blender ou mesmo pequenos projetos usando IA.
Enfim, quem leu até aqui, deve estar pensando que a RTX 4060 é uma boa placa, já que do ponto de vista do hardware e do desempenho apresentado ela é completamente OK, contudo, os seus maiores problemas residem no posicionamento de mercado, nos baixos ganhos em relação à geração passada e em alguns casos, no preço.
Em relação a RTX 3060, ganha-se um pouco menos do que 20% de desempenho em 1080p e perde-se 4 GB de VRAM, o que implica que a 4060 passa longe de ser uma opção de upgrade para usuários de placas da série RTX 30 e talvez até da RTX 20, sendo uma alternativa para quem tem uma GPU ainda mais antiga, contudo, mesmo nesse caso, ainda temos placas da geração passada como as RX 6600 e 3060 Ti, vendidas por valores muito convidativos em promoções, as quais, nesse momento, podem ser mais interessantes do que a RTX 4060, que pode ser encontrada por R$1899 em um modelo ainda mais simples que o testado.
Dada a simplicidade da construção e a pequena GPU AD107, essa poderia ser facilmente colocada como RTX 4050/Ti ou vendida a um preço menor, o que tornaria ela uma placa mais interessante e com melhor recepção no mercado, mas infelizmente, essa parece não ter sido uma prioridade para a NVIDIA nesse momento, já que a empresa domina o mercado de GPUs por larga margem e não sofre muita pressão por parte da concorrência.
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