Review – Qiyida X99-D4 – Uma Placa-mãe baratinha para Xeon com PCB branco.

Fala pessoal, beleza?

Nesse review, iremos analisar a Qiyida X99-D4, que se trata de uma placa-mãe LGA2011-3 chinesa de entrada voltada aos Xeon, no formato Micro-ATX e que chama a atenção pelo seu PCB branco, VRM com refrigeração ativa e o chipset C612, que ao menos em teoria, oferece suporte a overclock nas CPUs com multiplicador destravado. Mas será ela uma boa placa? É o que vamos descobrir nesse artigo! 🙂

A respeito da caixa, na parte da frente, consta apenas o nome da fabricante, uma ilustração que lembra RGB e observações genéricas, enquanto na traseira, consta apenas uma tabela dizendo que o conteúdo da caixa é uma placa-mãe, não especificando modelo, além de diversas inscrições em mandarim.

Do kit de acessórios que acompanha o produto, temos cabos SATA, um adaptador de cooler compatível com AMD e o espelho traseiro.

Em relação ao visual da placa, ele é até interessante, com o PCB e dissipadores brancos, slots cinza e preto contrastando e o enorme socket LGA2011-3.

Na parte traseira, é possível verificar o backplate metálico que da sustentação ao socket e também permite a instalação de dissipadores pesados sem maiores complicações.

Sobre o layout do PCB, a Qiyida fez um trabalho até que decente, com portas SATA bem posicionadas, M.2 acima do slot PCI-E, o que garante algum fluxo de ar para o SSD e conectores de força na borda direita do PCB.

As ressalvas ficam por conta da placa ter apenas dois conectores para ventoinhas, com apenas um deles com PWM, o slot M.2 muito próximo do PCI-E, o que pode ser um problema com o dissipador de alguns SSDs e o uso de jumpers para determinar se a unidade instalada no M.2 é um NVMe ou NGFF.

Também é necessário deixar claro que a Intel não produz novos chipsets X99/C612 já faz alguns anos, o que implica no uso de chips reaproveitados, o que ao menos no caso do nosso exemplar, isso é bem visível, com a coloração do chip indicando que ele já viu bastante calor na vida, provavelmente por conta dos re-trabalhos de solda.

A respeito do armazenamento, temos uma M.2 com suporte a NVMe e NGFF a qual está conectada a CPU e por isso, limitada a PCI-E Gen 3. Existem também quatro portas SATA.

O codec de áudio utilizado é o “veterano” Realtek ALC897, o qual é um velho conhecido nosso, sendo encontrado em várias das B450 que foram testadas aqui na página. Apesar dele ter sido instalado em uma camada a parte do PCB, a fabricante optou por economizar nos capacitores de filtragem, ou seja, é razoável não esperar muita qualidade do som integrado.

Sobre a LAN, ela é gigabit e usa o chip Realtek 8111H.

Sobre o espelho traseiro, ele é bem básico e está em linha com o apresentado na maior parte das placas-mãe X99 chinesas e conta com duas PS/2, 4x USB 2.0, 2x USB 3.0, 1x LAN RJ45 e painel de som com 3 jacks.

Para a X99-D4, o fabricante optou por incluir um dissipador de alumínio sem muitas aletas, porém, com um pequeno fan no VRM, o qual não possui PWM. Apesar dele ter se mostrado silencioso durante a operação, essa foi uma solução um tanto quanto preguiçosa por parte da Qiyida, que poderia ter facilmente ter resolvido o problema com um dissipador passivo melhor projetado, com mais aletas.

A respeito do VRM, a Qiyida optou por usar um arranjo de 6 fases (VCCIN), com o controlador UP1649Q, que oferece suporte a até 4 fases e nessa placa, está operando com apenas 3, recorrendo a dobradores de fase UP1961S para chegar as 6 fases com acionamento independente.

Sobre os mosfets, foram usados apenas um de alta e um de baixa por fase e infelizmente, não foi possível localizar os datasheets, impossibilitando o cálculo da corrente máxima suportada e dissipação de calor, mas por só ter apenas um mosfet de baixa por fase, já é possível imaginar que a eficiência com cargas mais elevadas não deve ser exatamente o ponto forte desse VRM.

Apesar disso, é bom lembrar que nessa geração, a Intel introduziu o FIVR, acrônimo para Fully Integrated Voltage Regulator, que são reguladores de tensão integrados ao DIE da CPU, derivando a tensão de alimentação de cada domínio (Exemplos: Cores, Cache, VCCSA) do VCCIN, fornecido pelo VRM da placa-mãe.

Como a tensão do VCCIN é de 1.8V, a corrente exigida do VRM é menor do que caso fosse diretamente o VCORE, algo na casa de 1.2V, o que pode ser demonstrado pela própria Lei de Ohm e a implicação disso é que o VRM acaba tendo um pouco mais de margem do que teria sem o FIVR, podendo ser mais simples, compacto e barato.

Sobre a UEFI, ela segue o padrão das demais placas X99 chinesas, sem interface gráfica, suporte a mouse e etc.

A versão que acompanha a placa permite alterar a frequência da memória, timings e conta até mesmo com suporte a ReBar, contudo, não apresenta opções para overclocking em CPUs travados e ajustes de tensão.

É importante citar que essa placa aceita crossflash para a BIOS da Huananzhi X99-F8, a qual possui até mesmo ajustes para overclocking, porém, alguns recursos podem parar de funcionar por conta disso, por exemplo, a LAN integrada. De todo modo, é bom deixar claro que se alguém mais for fazer isso, está por sua conta e risco, não nos responsabilizamos por danos e eventuais prejuizos. 😉

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ALIEXPRESS – QIYIDA X99 D4

Vamos então às configurações utilizadas e resultados!

Configurações utilizadas:

CPU: Intel Xeon E5-1660 V3

MOBO: Qiyida X99 D4

RAM: 2x16GB G.Skill Trident Z Neo 3600CL16 / 2x16GB Asgard Freyr T3 3600CL14

GPU: Powercolor RX 6800 XT Red Devil

PSU: Coolermaster MWE Gold 1250 V2 Full Modular (Obrigado Cooler Master!)

COOLER: 1STPlayer TS-360

STORAGE: SSD Crucial BX300 120GB

EQUIPAMENTOS EXTRAS: ElmorLabs PMD-USB, ElmorLabs KTH-USB

Software utilizado: Windows 10 x64, 3DMark, Blender 4.0, Crystalmark 8.0.4 x64 HWiNFO 8.0.0, Geekbench 3.4.4, TM5 0.12 v3.

Objetivo dos testes:

O objetivo desse artigo é verificar se a Qiyida X99-D4 é realmente uma boa opção de placa-mãe, testando como o seu VRM se comporta com carga, compatibilidade de memória, desempenho das portas SATA e M.2 e do dissipador incluso com a placa-mãe.

Explicações acerca da metodologia adotada ou de como os testes foram conduzidos estão contidas nos textos que acompanham os resultados a seguir.

Desempenho das portas SATA e M.2:

Para verificar o desempenho das M.2 e SATA, foi utilizado o Crystalmark 8.0.5, onde a ideia aqui é testar se o fabricante fez boa implementação dessas interfaces, usando unidades SATA e NVMe capazes de chegar ao limite da banda oferecida por esses barramentos.

Como era de se esperar, o desempenho das portas SATA foi dentro do esperado, já a M.2, está limitado ao barramento PCIe Gen 3, o que deve limitar a leitura/escrita sequênciais a cerca de 3200 MB/s.

Uma boa notícia é que o NVMe é bootável nessa placa, podendo ser utilizada como unidade princípal sem problemas.

ResizableBAR:

Um aspecto interessante dessa placa é que apesar de ser uma plataforma relativamente antiga, ela possui suporte ao ResizableBAR, o que pode ser implementado or meio de um patch na UEFI em praticamente qualquer plataforma com suporte a PCIe Gen3, com alguns casos de sucesso até mesmo com CPUs Gen2.

Esse recurso é importante porque pode trazer ganhos de desempenho em algumas situações, além de ser necessário pro funcionamento das Intel Arc. Conseguimos ativar o ReBar sem problemas usando a RX 6800 XT dos testes, ainda que os ganhos tenham sido tímidos.

Compatibilidade de memória e overclock:

Originalmente, a Qiyida X99-D4 não oferece suporte a overclock, nem via BIOS, nem pelo XTU, onde o único ajuste possível é a frequência, limitada a DDR4-2400 nos Haswell-E (Xeons V3 e i7 5xxx) e alguns timings.

Em nossos testes usando um Xeon E5-1660 V3, não encontramos problemas de compatibilidade com as memória que testamos, o que inclui modelos equipados com chips Micron E-Die e Samsung B-Die nas mais variadas configuraçoes (single-rank ou dual-rank) e PCBs (A0, A2 e B1), além de diversos fabricantes como G.Skill, Crucial e Asgard e configurações com pentes de capacidade diferente (16 e 8GB misturados).

VRM e temperatura de operação:

Para verificar a temperatura do VRM, foi instalado um termopar tipo K com um thermalpad grudento na parte de trás da placa, logo abaixo de uma das fases, conforme mostra a foto abaixo.

Foi utilizado o Blender renderizando a demonstração “Classroom” por meia hora usando o HWiNFO para monitorar/ gravar o log dos “sinais vitais” do sistema durante o teste e ao fim, tomar nota tanto da temperatura ambiente quanto do termopar instalado na placa.

Visando testar como o VRM se comportaria em uma situação com maior carga, instalamos uma BIOS modificada da Huananzhi X99-F8, a qual permite a Qiyida X99-D4 fazer overclock na CPU, onde a frequência foi ajustada em 4.2 GHz com 1.2V de VCORE e 1.8V de VCCIN, resultando em um consumo na casa dos 245W durante a renderização medidos diretamente do conector EPS.

Um adendo é que apesar de permitir o overclock, essa bios não é 100% adequada para essa placa, com alguns recursos deixando de funcionar, por exemplo, a LAN integrada, portanto, não recomendamos o seu uso diário.

É importante salientar que esses testes foram realizados em bancada aberta e que a “temperatura ambiente” dentro de um gabinete costuma ser algo maior, a depender do hardware utilizado, projeto de ventilação do case e da própria temperatura da sala onde o computador está localizado.

A Qiyida acabou apresentando um excelente resultado com a bios padrão e a CPU em stock, com um delta de apenas 31,1 K, o que não deve ser problema nem mesmo com temperatura ambiente de insuportáveis 40ºC.

Já com overclock, o que elevou o consumo da CPU em cerca de 100W em relação ao stock, a temperatura do VRM explodiu com um delta de 60,5 K, o que resultaria em algo na casa dos 90ºC para um ambiente de 30ºC, algo que a placa suportou sem problemas, contudo, pela falta dos datasheets dos mosfets, não é possível garantir que isso seja seguro a longo prazo.

Isso comprova que o dissipador do VRM não é lá aquelas coisas, já que apesar dele ter obtido um bom resultado com a CPU em stock, é bom lembrar que a fabricante precisou incluir uma fan para chegar lá e isso para uma carga de apenas 85A.

Conclusão:

Do ponto de vista de layout, qualidade e recursos oferecidos, a Qiyida fez um trabalho razoável na X99-D4, com componentes posicionados de maneira bem aceitável, com as devidas ressalvas para o slot M.2, que é muito próximo do PCI-E e pode ter problemas de compatibilidade com alguns dissipadores de NVMe, para os fan headers, que são apenas 2, e por fim, o espelho traseiro que é um tanto quanto espartano, apesar disso ser uma caracteristica comum a essas placas LGA2011-3 chinesas.

Sobre os recursos oferecidos, tanto a LAN quanto o áudio são da Realtek e a implementação é a mais básica possível, dito isso, não esperem um show de qualidade.

Sobre a BIOS da placa, ela segue o mesmo padrão das “X99” chinesas, sem interface gráfica e bastante “soviéticas”, no caso da Qiyida, ela conta com suporte a ReBar, NVMe bootável e ajuste dos timings de memória funcional. Apesar do chipset C612 suportar overclock na CPU, infelizmente a fabricante optou por deixar isso de fora.

No que diz respeito a compatibilidade e overclock de memória, todas as memórias testadas foram capazes de trabalhar com estabilidade em DDR4-2400, mesmo em configurações com chips e densidades diferentes.

Sobre o VRM, o arranjo de 6 fases não teve problemas para levar o E5-1660 V3 em stock, contudo, ao usar uma bios modificada com suporte para overclock, o delta de temperatura chegou a 60 K, o que pode não ser seguro, algo difícil de estimar sem os datasheets dos mosfets em mãos. De todo modo, a placa foi bem para o uso na qual ela foi projetada, entretanto, esse dissipador do VRM poderia ter sido trabalhado com um pouco mais de carinho, leia-se, um design com mais aletas, o que talvez até pudesse dispensar o uso da ventoinha e garantir um resultado melhor com overclock.

Em relação ao preço, a Qiyida X99-D4 pode ser encontrada no AliExpress por cerca de R$250+Impostos, o que combinado a Xeons de 8 ou 10 núcleos por menos de 100 reais e memórias DDR4 igualmente baratas, permitem montar uma máquina com desempenho aceitável a um custo muito baixo, ainda que com a ressalva de estarmos falando de componentes em grande parte reaproveitados, com zero suporte por parte de fabricante, o que em alguns casos pode-se tornar complicado de lidar.

Sendo assim, o lendário combo “Xeon Dragãozinho chinês” pode ser uma alternativa válida naqueles casos com orçamento restrito, em que o usuário tem ciência das limitações daquilo que ele está levando pra casa. Nesse contexto, a placa da Qiyida pode ser considerada uma opção válida por seu baixo-custo e relativa qualidade.

E por hoje é só! Dúvidas, críticas e sugestões são bem-vindas! Até a próxima!