Adaptando um cooler de placa de vídeo na CPU – Dá resultado? – Procedimento e testes!
Não é de hoje que as pessoas adaptam dissipadores de CPU em placa de vídeo, especialmente se estivermos falando de modelos em torre com vários heatpipes, que apesar de transformarem a placa de vídeo em um trambolho, são uma opção para baixar as temperaturas e conseguir tirar mais aquele pelinho no overclock.
Mas e o caminho contrário? Um cooler de GPU em uma CPU? Pois é exatamente isso que faremos nesse artigo! 🙂


Origem do dissipador – Uma viagem de volta a 2010!
Com as GPUs gigantes de hoje em dia, seria virtualmente impossível fazer essa adaptação, mas em outros tempos as coisas costumavam ser diferentes e as placas de vídeo eram mais compactas.
A cobaia desse artigo veio de uma EVGA GTX460, o modelo com blower da foto abaixo, o qual precisava dar conta de dissipar os 160W de TDP da GPU GF104, o que trazendo para os tempos atuais, seria equivalente a uma RTX 4060 TI.
Por se tratar de um modelo blower dual-slot, o perfil do dissipador tende a ser um tanto quanto baixo por ele ser projetado para ser usado com fluxo de ar radial, o que também pode ser interessante para sistemas compactos (SFF), permitindo o uso de gabinetes com menor volume.
Adaptadores – Aqui entra a mágica da impressão 3D!
É claro que uma adaptação dessas não seria tão simples, sendo necessário pensar em uma forma de fixar o dissipador na placa-mãe, já que os furos não são compatíveis.
Para tornar isso possível, recorremos mais uma vez a impressão 3D, projetando brackets a ser encaixados nas ´´torres´´ de fixação originais, estendendo-as até os furos da plataforma AM4/AM5. Para isso, foi utilizado filamento ABS, por conta da sua maior resistência tanto mecânica quanto a temperatura.


Apesar da sorte ter ajudado já que as dimensões do dissipador se mostraram perfeitas para o espaço disponível na região do socket e as torres originais estarem posicionadas na mesma distância dos furos do AM4, uma dificuldade foi acertar as medidas para que a base do dissipador fizesse contato com o IHS da CPU, o que resultou em pelo menos cinco revisões até chegar nos brackets perfeitos!
Uma curiosidade é que o adaptador de um dos lados é ligeiramente mais comprido que o do outro, o que somado ao ´´degrau´´ necessário para instalação do blower, acaba diferenciando as peças.
Eis o resultado final já com o blower instalado e os ´´túneis´´ de fita kapton para forçar a passagem do ar pelas aletas do dissipador. É importante destacar que esse blower não é o mesmo que acompanhava a GTX 460 e sim um modelo chinês 5020, o maior possível sem obstruir componentes da placa-mãe.


O perfil do cooler, que ficou com uma altura de apenas 28mm, algo extremamente compacto e por isso deve ser adequado até ao mais compacto dos gabinetes.



E por fim, o dissipador já instalado na placa-mãe, que acabou ficando com um visual bem industrial, com uma cara de produto embarcado, servindo como uma luva na MSI B350I PRO AC!!! 😀






Hardware utilizado:
CPU: AMD Ryzen 5 5600X
MOBO: MSI B350I Pro AC
RAM: 2x16GB Asgard Freyr T3 3600CL14
GPU: Galax GTX 1650 Super
PSU: Seasonic SS-750AM
COOLER: Dissipador de EVGA GTX 460 adaptado com blower 5020 chinês
SSD: Kingspec 240GB
Objetivo dos testes:
Verificar com o dissipador de GTX 460 adaptado para AM4 se sai ao refrigerar uma CPU moderna, além de descobrir qual o seu limite máximo, além do nível de ruído. Mais detalhes sobre os testes constam nos paragráfos a seguir.
Nivel de ruído
Para realizar a medição de ruído, o UNI-T UT353 foi posicionado a cerca de 100 cm da bancada com as demais fans, excetuando-se o blower e a fonte, desligados, afinal de contas, a ideia aqui é tentar “capturar” o ruído apenas do ‘item’ que está sendo testado.
A unidade utilizada é o decibel, que se trata de uma unidade em escala logarítmica, em termos práticos, isso significa que o volume dobra de intensidade a cada 3dB, portanto, o dobro de 50dB não é 100 dB e sim 53 dB, entretanto, o ouvido humano apresenta a sensação de volume dobrado com um intervalo maior, entre 8 dBA e 10 dBA. De todo modo, apenas como referência, um ambiente silencioso como uma biblioteca apresenta nível de ruído na casa dos 30 dBA.

Com as ventoinhas operando em sua rotação máxima, o nosso cooler se mostrou bem barulhento, chegando perto dos 50 dBA, o que chega a ser incomodo e definitivamente audivel, contudo, após fazer alguns ajustes na curva de rotação das fan foi possível aliviar para 45 dBA em load, o que é um pouco menos barulhento do que o Jiushark JFK13 que testamos tempos atrás.
Já em idle, foi possível manter o blower trabalhando com rotação bem baixa e portanto, muito silencioso, pouco acima da referência, que é o ruído no ambiente com tudo desligado.
Desempenho
Para os testes de desempenho, o cooler foi montado com pasta térmica GD-2 e a rotação das ventoinhas foi aplicada em 100% para esses testes, que também foram realizados em bancada aberta.
Foi utilizado o R5 5600X com TDP padrão de 65W (PPT 88W, TDC 60A, EDC 90A) e visando descobrir qual o limite do cooler, uma configuração com 75W (PPT 100W, TDC 70A, EDC 105A). O workload utilizado foi o Cinebench R23 Multithread com duração de 10 minutos.
A temperatura ambiente no momento dos testes foi de 28°C para o teste com 75W e 27.3°C em 65W.


Acabou que o limite do nosso cooler de GPU ficou na casa dos 75W mesmo, com temperaturas um pouco abaixo de 95°C e frequência pouco além dos 4.3 GHz. Apesar de tecnicamente ser possível falar que ele suporta até 75W, o nível de ruído é máximo, já que não existe margem térmica para se reduzir a rotação.
Já com 65W, a temperatura ficou na redondeza dos 85°C com a frequência um pouco abaixo dos 4.3 GHz, o que indica que existe alguma margem para ajuste na rotação do blower e por consequência, é possível amenizar o nível de ruído para aqueles 45 dBA do teste anterior.
A diferença de desempenho no Cinebench R23 Multithread também foi pequena, com pontuação de 11257 e 10926 pontos em 75 e 65W, respectivamente.
Conclusão
Diante dos testes e resultados apresentados, foi possível chegar nos seguintes pontos:
O processo de adaptar o dissipador de GPU para usar em uma CPU não foi uma tarefa tão árdua, mas isso pode variar grandemente de caso para caso, aqui, o dissipador já tinha formato e dimensões adequadas, não sendo necessário fazer muitas modificações para fazer ele servir.
Já em relação aos brackets de fixação, ter a disposição uma impressora 3D é praticamente imperativo, pois ela deve facilitar e muito na fabricação das peças, além de ser mais fácil (e barato) caso seja necessário fazer mudanças nesses brackets. É bom deixar claro que só a impressora não basta, é necessário ter alguma familiaridade com algum software de CAD e instrumentos de medição, pois caso contrário, será impossível sair da estaca zero, ao menos se for por esse caminho na fabricação dos brackets.
Sobre o nível de ruído, como era de se esperar de algo equipado com um blower, o nosso frankenstein é um tanto quanto barulhento com rotação em 100%, mas foi possível fazer ajustes na curva de rotação, deixando-o praticamente zero ruído em idle, além de ser possível amenizar bastante o barulho em load, a depender da carga térmica.
No que concerne ao desempenho, o nosso cooler conseguiu dar conta de um 5600X configurado com TDP de 75W ainda que com nível de ruído altissimo e temperaturas próximas do limite de 95°C, sendo assim, fica mais confortável dizer que 65W é o máximo, com ruído e temperatura em patamares mais saudáveis.
No fim das contas, da para dizer que esse experimento foi um sucesso, já que existe uma vasta gama de CPUs AM4 e AM5 com TDP de até 65W e por ser uma solução com perfil muito baixo, tornou-se viável de montar essa placa até no mais compacto dos gabinetes ITX. Será que isso vai virar um sistema SFF exótico? São cenas para os próximos capítulos! 🙂
E por hoje é isso pessoal! Dúvidas, críticas e sugestões são bem-vindas! Até a próxima!
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