SSD Xiaomi SA500 1TB Caixa Frontal 8
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SSD “Xiaomi” SA500 1TB – É uma cilada Bino! A nova onda de SSDs Fake no AliExpress – Anatomia de um SSD Falsificado!

Hoje, testaremos um SSD SATA que diz ser da fabricante chinesa “Xiaomi”, do segmento de entrada, modelo “SA500“. Neste teste, constataremos o modelo de 1TB que adquirimos no Aliexpress;

Obviamente isso se trata de um produto falsificado, que adquirimos para poder mostrar a vocês a malandragem que estes vendedores fazem para enganar o consumidor.

O primeiro ponto é que a Xiaomi não tem nada a ver com essa história, os vendedores colocam este nome por ter apenas uma boa reputação e para tentarem atrair mais vítimas para o golpe. Segundo, vejam a cara de pau da empresa em ter literalmente copiado o adesivo da Western Digital e ter colado em seu SSD removendo apenas o nome “WD” da parte frontal do SSD.

front
SSD “XIAOMI” SA500

Este como vemos acima é o SSD anunciado pela “Xiaomi”, embora existam diversos links não apenas desse SSD mas também de SSDs “idênticos” (embalagem apenas) dos WD Blue e WD Green em dezenas de lojas pelo AliExpress.

sa500 original
Este, sim, é o SSD da Western Digital RED SA500 original

A cara de pau destes fabricantes é tão grande que nem se quer deram ao trabalhar de mover a palavra “RED” para ficar centralizada, e vale salientar que este SSD Original da Western Digital não se trata de um “SSD tradicional” e sim um SSD voltado para servidores e para NAS. O qual o foco destes modelos sejam serem utilizados como armazenamento primário ou discos de cache de leitura, ou escrita, o que explica o fato do SSD original da WD, de 1TB (Red SA500) custar mais de R$1.109,99, enquanto este SSD fajuto custa menos de R$200. Algo de errado não está certo né?

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Estranhamente, logo após alguns dias da compra deste SSD, o anúncio saiu do ar… Nossa ,que estranho não é?😂

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Eles começaram a aplicar este golpe não apenas com estes SSDs, mas também com “NVMe”.

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Impressão minha ou estão “tentando” disfarçar este SSD a se passar por um SSD Samsung? O mais engraçado é que a Samsung não possui nenhum Line-up “980” que seja NGFF, ou seja, um SSD com conector físico com slot M.2 com protocolo AHCI e barramento SATA de 6Gbps.

E mesmo que fosse algo real, um SSD SATA Samsung de 1TB por R$165? Como diria aquele ditado, quando a esmola é demais o santo desconfia…..

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Acima, podemos ver o preço médio de um SSD SATA da Samsung atual de 1TB, cerca de R$744, o que é extremamente caro, mas, obviamente, o desempenho deste SSD é espetacular, se não for um dos melhores SSD SATA do planeta, ainda que ele seja totalmente inviável, pois existem SSDs até mesmo PCIe 4.0 de 1TB que oferecem desempenho muito superior por menos de R$500, isso se nem considerarmos os PCIe 3.0 x4 que também são “melhores” e podem custar até 2x menos pela mesma capacidade, considerando a marca e modelo do fabricante.

Portanto, fiquem avisados e permaneçam atentos ao se depararem em produtos como este, que possuem uma ideia semelhante aqueles anúncios no AliExpress mesmo de “Pen drives” de 1TB ou 2TB por menos de R$50 ~ R$100, que são nada mais nada menos que pen drives de 16GB ou 32GB remarcados com firmware modificado para apresentarem ter 1TB ou mais.

Especificações do SSD

A seguir, informações um pouco mais detalhadas sobre o SSD que será testado (unidade de “1TB”):

ssd xiaomi specsheet

Como podemos ver, nem se quer deram ao trabalho de postar informações do SSD, e diferente de como veremos a seguir, este SSD utiliza componentes totalmente diferente do que a Western Digital utiliza nos WD Red SA500.

specsheet wd red sa500 1

Como podemos observar, vemos também que o SA500 utilizava componentes mais topo de linha para época de lançamento dele em 2019, utilizando um controlador muito superior, o Marvell 88SS1074, que é um Dual Core Cortex-R5 com 4 canais de comunicação com até 8 C.E.s por canal com suporte à DRAM Cache, já este SSD fajuto do AliExpress sequer oferece suporte à DRAM Cache.

Softwares do SSD

Por se tratar de uma imitação barata, obviamente este SSD não possui nenhum software de gerenciamento, até porque isso poderia acabar facilitando o usuário descobrir a falcatrua que o fabricante fez.

Já os SSDs legítimos da Western Digital, oferecem suporte a um excelente software chamado Dashboard que é repleto de opções para um SSD, para isso aconselho a leitura de nossa análise recente de um ótimo SSD da WD, o WD Black SN850 1TB.

Unboxing

O SSD vem em uma caixa na cor branca com uma parte transparente para mostrar o SSD, curiosamente a caixa não informa nome “Xiaomi” em lugar algum.

Já agora ao remover o SSD da caixa vemos que ele é idêntico a um SSD WD Red SA500 de 1TB, fora o fato das letras “WD” terem sidos removidas da etiqueta frontal.

Logo abaixo veremos como é um SSD WD Red SA500 de 1TB, fotos cortesia do Techpowerup cujo link estarei deixando abaixo.

Já ao abrimos o SSD, vemos que ele vem apenas preso por sua carcaça e possui um design dual sided, ou seja, possui CHIPs em ambos os lados do PCB.

Controlador
O controlador do SSD é o responsável por fazer todo o gerenciamento de dados, over provisioning e garbage collection, dentre outras funções que ocorrem em segundo plano. E, é claro, faz com que o SSD tenha um bom desempenho.

ssd xiaomi sa500 1tb controlador

Bom já ficou bem claro que se trata de um produto fake, tanto que possui até mesmo algum tipo de material para tentar encobrir a marca e modelo de seu controlador.

Mas foi possível descobrir que este controlador trata-se de um controlador da Realtek, modelo RTS5732DLQ que é um SSD com núcleo cortex-R5 que eu acredito que seja um dual core, que aparenta ser um controlador com 4 canais de comunicação e possivelmente 4 comandos chip enable por canal permitindo intercalar até 16 dies, embora não seja uma informação comprovada e sim o que aparenta ser pelo que pude pesquisar sobre.

DRAM Cache ou H.M.B.
Todo SSD topo de linha que visa oferecer um alto desempenho consistente necessita de um buffer para poder armazenar suas tabelas de mapeamento (Flash Translation Layer ou Look-up table). Com isso, ele consegue ter desempenho aleatório melhor e ser mais responsivo.

Obviamente por ser um SSD de “1 TB” de R$200 ele nunca que acompanhará DRAM Cache, até por que só o custo que se teria para montar um SSD ultrapassaria o preço de venda, e por isso é um SSD DRAM Less, embora o WD RED SA500 original, sim, possua DRAM Cache.

NAND Flash
Com relação a seus circuitos integrados de armazenamento, o SSD de 1TB possui 1 chips Nand flash marcado como “29FSRHB2ALCYH6”. Tratam-se de Nands da fabricante norte-americana MICRON, modelos 3D TLC B16A sendo neste caso dies de 256Gb (32GiB) contendo 64-Layers de dados e um total de 74 gates, gerando uma array efficiency de 86.5%.

ssd xiaomi sa500 1tb nand flash

Neste caso estes dies são mais antigos, sendo de 2º Geração da Micron de Dies 3D, sendo um die com 2 planes de 128Gb (16GB) com uma velocidade estimada de próximo de 39 MB/s ao considerarmos um tempos estimado de programação de 820µs (tPROG) enquanto sua leitura é de 78µs (tR).

Neste SSD, temos 4 NAND Flash, e através deste código das NANDs, cada NAND Flash tem 1 die, portanto são SDP (Single Die Package), ou seja, possui apenas 1 die por cada NAND Flash. Com isso temos um total de 4 dies de 128 Gb (32GB), portanto a “real“capacidade deste SSD é de 128GB, aonde eles modificaram o firmware para informar densidade de 1TB.

Esta tática é muito utilizada em pen drives fake, e outros modelos de SSDs como mostramos no início da análise.

PMIC (Power Delivery) / VRM

exemplo pmic

Assim como qualquer componente eletrônico que exerce algum funcionamento, SSDs também possuem um nível de consumo de energia que pode variar desde poucos miliwatts  até próximo de 10 watts, beirando o limite de alguns conectores ou slots. O circuito responsável por todo gerenciamento de energia é o PMIC, que significa “Power Management IC“, um circuito eletrônico responsável por prover alimentação para demais componentes.

Neste SSD não temos em si 1 C.I. responsável por tudo, e sim temos inúmeros load switches responsáveis separadamente para cada Rail de alimentação do SSD e de seus respectivos componentes. Neste caso eles foram remarcados para “8102207S2” e outros “JWM302BA5E“.

CURIOSIDADES SOBRE O SSD “FAKE”

Da mesma forma que circuitos integrados de memória RAM em um pente de memória sofrem variação, o mesmo ocorre com SSDs, nos quais há casos de mudanças de componentes como controlador e NAND flashs.

Já não bastava este problema de ser um SSD falsificado ele ainda sofre com variação de componentes internos mais severa tendo diversas variantes.

METODOLOGIA DE TESTES
Como já sabemos que é um SSD Fake, não temos nem por que fazermos toda a metodologia para identificarmos se é fake ou não, apenas em alguns testes já podemos identificar isso com veremos a seguir.

Como sempre iniciamos com o teste de SLC Cache na parte dos testes já vemos de cara isso, portanto, vamos iniciar com ele.

Importante ressaltar que, quaisquer breves mudanças no sistema operacional, plataforma utilizada seja Intel ou AMD, versão de drivers como Chipset, modelo de processador, modelo de placa mãe, versões do Sistema Operacional, podem gerar resultados com uma diferença deste apresentado, levando isto em conta, a seguir será listado todas as especificações da bancada utilizada, sendo que cada teste realizado foi aferido 3 vezes tendo utilizado a média de cada resultado.

BANCADA DE TESTES
– Sistema Operacional: Windows 10 Pro 64-bit (Build: 21H2) + Windows 11 Pro 64-bit (Build: 21H2)
– Processador: AMD Ryzen 9 5950X (16C/32T) (Frequência fixa em todos os núcleos, 4 GHz)
– Memória RAM: 2 × 16 GB DDR4-3200MHz CL-16 Netac (c/ XMP)
– Placa-mãe: Gigabyte X570s Aorus Elite AX (Bios Ver.: F5c)
– Placa de Vídeo: RTX 3050 Gigabyte Gaming OC (Drivers: 512.xx)
– Armazenamento (OS): SSD Solidigm P44 Pro 2TB (Firmware: 001C)
– SSD testado: SSD “XIAOMI” RED SA500 1TB (128GB)(Firmware: V8442c31)
– Versão drive Chipset AMD X570: 4.03.03.431.
– Windows: Indexação desabilitada para não afetar resultados dos testes.
– Windows: Atualizações do Windows updates desabilitados para não afetar resultados dos testes.
– Windows: A maioria dos aplicativos do Windows desabilitados de rodar em segundo plano.
– Teste Boot Windows: Imagem limpa com apenas drivers e todos os updates.
– Teste de pSLC Cache: O SSD é arrefecido por fans para não gerar thermal throtling, interferindo no resultado.
– Windows: Anti-Vírus desabilitado para diminuir variação de cada Rodada.
– SSDs Testados: Utilizado como disco secundário, com 0% de espaço sendo utilizado e outros testes com 50% de espaço utilizado para representar um cenário realista.
– Quarch PPM QTL1999 – Teste de consumo elétrico: Realizo com 3 parâmetros, em idle aonde o disco é deixado como secundário e após um tempo em idle é realizado a gravação por 1 hora e tirado a média.

TESTE DE VELOCIDADE SUSTENTADA | SLC CACHING

Boa parte de SSDs no mercado atualmente utiliza como base a tecnologia de SLC Caching, em que certo percentual de sua capacidade de armazenamento, seja ele MLC (2 bits p/ célula), TLC (3 bits p/ célula) ou QLC (4 bits p/ célula), é usado para armazenar apenas 1 bit por célula. No caso, é usada como um buffer de escrita e leitura, em que o controlador inicia a gravação e quando o Buffer se esgota ele escreve nas NAND Flash nativas (MLC / TLC / QLC).

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Através do IOmeter, podemos ter uma ideia do volume de SLC cache deste SSD, já que o fabricante muita vezes não informa este valor. Pelos testes que realizamos, foi possível constatar que ele possui um volume de pSLC Cache que aparenta ser dinâmico, de cerca de 42GB, ele conseguiu manter velocidade média de ~ 450MB/s até o fim do buffer. E logo em seguida sua velocidade média caiu para cerca de 80MB/s na sua forma nativa TLC.

Logo após alguns Gigabytes gravados sua média caiu novamente para cerca de quase 50 MB/s cujo é a velocidade de folding do SSD.

Agora logo após ele ter gravado exatamente 120GB, podemos observar que ele fica gravando entre 0 MB/s e 1 MB/s tendo em vista que ele “POSSUI” 1TB de locais L.B.A. porém, com 128GB de espaço físico ele ficaria infinitamente neste estado.

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E com isso podemos observar que ele sequer encheu mais que 128GB, portanto logo vemos que se trata de um produto falso.

COMO MOSTRAR A CAPACIDADE REAL DO SSD?

Bom vemos que ele de fato é totalmente fake, mas ainda sim possui 128GB de espaço real de armazenamento, será que é possível modificar seu firmware para mostrar a capacidade real e quem sabe até utilizá-lo para tarefas mais simples? Com certeza, neste trecho da review veremos mais sobre isto.

Para realizar esta modificação vamos precisar utilizar o “Realtek RTS5732DL Mass Production Tool” cujo também é compatível com o Realtek RTS5732DLQ que serve para realizar modificações e gravações de firmware em SSDs como este com este controlador.

Além disto vamos precisar de uma ferramenta física que estarei mostrando abaixo.

Esta ferramenta pode ser conhecida como SSD Card Opener pois permite realizar modificações do SSD pois utiliza um Bridge Chip da JMicron o JMS578, cujo faz a conversão de sinal de SATA III 6Gbps para USB 3.1 Gen1 de 5Gbps.

Infelizmente, para realizarmos essa modificação vamos precisar de um adaptador com este C.I. específico.

Ferramenta SSD Card Opener Bridge Chip

Agora precisamos colocar o SSD em modo Safe Mode ou ROM Mode conforme é conhecido internet a fora, para ser possível aplicar as modificações.

Colocando SSD em Safe Mode ou ROM Mode

Agora que encontramos os pinos para curto e fechamos um curto com uma pinça está na hora de conectar o adaptador no notebook para usarmos o MPTools.

Vemos que os LEDs indicativos de atividade e de SAFE Mode estão acessos, portanto, podemos abrir agora o MPTools para realizar as modificações.

Ao abrirmos o programa novamente, vemos que ele já identifica a capacidade de “1000GB“, porém caso quisesse, poderia colocar o quanto eu quiser, tipo, que tal “32TB”? 😀

MPTools 2

Agora na imagem abaixo vemos que a “MaxCapacity“ele mostra como “1000GB” porém no “DUT 0” (Device Under Test) ele mostra 0GB devido identificar algo de errado que o fabricante fez.

MPTools 3

Agora resta realizar a modificação para a capacidade real e então utilizar o SSD.

MPTools 5

Agora que vamos começar a modificação vamos clicar em “Auto-Detect” que ele vai identificar apropriadamente o SSD e como vemos, ele já sugere de cara que se trata de um SSD de 120GB. Informando corretamente até mesmo o modelo exato da NAND Flashs e de seus Dies. Nos agora devemos apenas nos certificar que a opção “DL Mode” está marcada e vamos clicar em iniciar na setinha verde.

MPTools 6

Ele começou o processo de gravação e modificação do firmware do SSD, agora precisamos aguardar o término.

MPTools 7

Modificações realizadas com sucesso, agora resta apenas desconectar o SSD, desligando-o, e então reconectando-o ao computador e então vamos no gerenciador de disco e ele deve estar sendo apresentado como 120GB agora.

MPTools 8

E voilà vemos que agora ele é detectado corretamente como 120GB, e podemos utilizá-lo normalmente sem dor de cabeça, embora seja um SSD bem ruim haha.

Bom pessoal espero que tenham gostado deste conteúdo um pouco mais diferente, e fiquem atentos em relação à estes tipos de produtos pois existem diversos na internet.

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8 Responses

  1. rogellparadox disse:

    Tá uma praga, isso. Tem um monte de microSD tbm com marcas que nunca sequer seguiram esse segmento de armazenamento…

    • Gabriel Ferraz - Analista de Armazenamentos disse:

      Tentarei mostrar isso também em microSDs e Pen Drives (Flash Drives) de como mostrar real capacidade

  2. lordtux disse:

    bom saber disso, excelente artigo, obrigado por mostrar o processo completo, nao conhecia.

  3. anderson disse:

    eu já peguei um microSD falso em loja com nota, consegui trocar, e o esquema é esse mesmo, com a capacidade modificada para o infinito sendo que grava somente até o valor real, que costuma ser bem menor.

    e tenho um microSD da Sandisk original, porém ele deu um problema que travou a gravação ou eliminação dos dados, então, não tenho nem como apagar. Tem uma forma de resolver isso na mão ou somente via rma?

    • Gabriel Ferraz - Analista de Armazenamentos disse:

      Tem sim, você pode regravar o firmware dele e identificar os bad blocks e setores ruins e tentar recuperar com essas ferramentas como a que usei por exemplo

  4. Raul Salgado Chartouni disse:

    Olá Gabriel.
    Um adaptador simples sem o controlador JMS583 não grava? E como eu posso identificar os pinos para fechar o curto para “Safe Mode, ROM Mode” em qualquer dispositivo, seja sata III, ou sata M2 NGFF, ou NVME M2?

    E parabéns pelo belo trabalho, você é muito fera!

    • Gabriel Ferraz - Analista de Armazenamentos disse:

      até é possível, mas o bom desse é a maior compatibilidade.
      Geralmente tem escrito ROM ou algo do tipo no pinout

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