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Como deixar a RX 9070 mais rápida que a RX 9070 XT – Passo a passo com testes e resultados!

Depois de uma geração ‘morna’ com as RX 7000, em 2025, a AMD lançou as novas RX 9070 com arquitetura RDNA4, diminuindo o gap tecnológico em relação a NVIDIA, na arquitetura e principalmente nos recursos de software como o upscaler. Tudo isso parece muito bom, mas e para os overclockers, será que tem alguma novidade? É o que vamos ver nesse artigo, com testes e resultados!

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A arquitetura RDNA4 até o momento é utilizada em duas GPUs: A Navi 48 e a 44, com a primeira equipando as 9070 (XT, não-XT e GRE) e a segunda as 9060 (XT e não-XT), onde ambas GPUs são fabricadas pela TSMC no processo de 4nm e usam dies monolíticos.

Em relação a RDNA3, praticamente tudo melhorou! O desempenho em Ray Tracing evoluiu pra algo usável, o novo media engine resolveu os gargalos que existiam para o pessoal que faz livestream ou gravação e a unidade de aceleração de matrizes agora suporta FP8, o que é usado pelo FSR4.

Apesar da grande evolução, não temos uma GPU para competir pelos nichos mais elevados do mercado, afinal, a AMD optou por reciclar a estratégia das antigas Polaris, oferecendo apenas modelos de maior volume, o que é uma pena.

slide rdna4

O nosso veículo de teste para esse artigo é uma GIGABYTE RX 9070 GAMING OC, que usa a GPU Navi 48, porém, com apenas 56 das 64 Compute Units ativas, o que implica que também perdemos alguns ROPs, TMUs, RT e Matrix Cores, além do TDP, que nessa placa é de 240W (220W para os modelos de referência), uma baita queda em relação aos 304W dá RX 9070 XT.

Apesar da grande diferença no TDP, ao menos nesse modelo da GIGABYTE, o cooler e o PCB são exatamente os mesmos encontrados na 9070 XT, exceto que o modelo maior vem com os três conectores de força de 8 pinos, enquanto que a 9070 vem com apenas dois. A implicação disso é que é bem provavel que essa placa tenha bastante margem para overclock ou que a operação em stock deve ser bastante silenciosa, já que o cooler, em tese, está trabalhando folgado.

Em tempos de GPUs gigantes, essa RX 9070 pode até ser considerada compacta, já que apesar de triple fan, seu comprimento é de apenas 288mm, altura de 50mm (2.5 slot) e largura de 132mm, ou seja, se essa placa fosse NVIDIA, ela seria homologada para uso em cases compactos, o que serve de guia para aqueles que gostariam de se aventurar pelo mundo do SFF.

Muitos já devem ter ligado os pontos de que uma placa com TDP reduzido e cooler superdimensionado tem potêncial para ir muito bem no overclock e isso é uma verdade, contudo, a AMD tratou de limitar o ajuste de Power Limit a apenas +10%, em relação ao padrão, o que resulta em algo na casa dos 270W para essa placa, o talvez seja meio insuficiente para chegarmos aos limites da 9070.

Mas a boa notícia é que diferente do que eles fizeram com as RX 6000, que eram limitadas artificialmente nas frequências, o mesmo não ocorre nas RX 9000 e ainda melhor, existem diversos métodos diferentes que permitem não só alterar Power Limit (PPT) como as tensões de GPU e memórias, alguns necessitando de solda e hardware externo, enquanto outros não precisam de nada disso! Irei abordá-los a seguir. 🙂

Antes de prosseguir, é sempre bom lembrar que o mal uso ou o simples uso dessas ferramentas pode acabar danificando o hardware e anulando a garantia, dito isso, faça por sua conta e risco! Não nos responsabilizamos por eventuais danos ou prejuizos.

Biosmod

Biosmod costumava ser algo mais comum no passado, onde existiam ferramentas de edição de BIOS que permitiam alterar diversos parâmetros da placa, incluindo até mesmo timings de memória, conforme já até testamos por aqui.

Acontece que de algumas gerações para cá, tanto AMD quanto NVIDIA implementaram recursos de segurança que não permitem o funcionamento da GPU caso esteja usando uma BIOS sem uma assinatura válida, o que acabou matando essa possibilidade, contudo, nada impede de trocar a BIOS original por o de outro modelo e é exatamente isso que acontece com a RX 9070.

Ao usar a bios da RX 9070 XT na RX 9070, não são liberadas novas unidades funcionais, já que elas são desativadas a laser na fabrica, mas como a 9070 XT possui Power Limit (PPT) bem maior, isso dá margem para a placa como um todo consumir mais energia e entregar maior desempenho.

Existem dois métodos principais para fazer essa regravação: Usando um regravador externo, como o CH341A, ou uma versão modificada do amdvbflash, de todo modo, é recomendável ter uma GPU (ou IGP) de backup ou o próprio regravador externo caso as coisas dêem errado. Também é uma ideia interessante ir em um modelo dual-bios caso o plano seja ir por esse caminho:

Uma observação importante é o IO da placa, ao fazer biosmod, pegue sempre um modelo com IO igual ao que você tem em mãos, por exemplo, uma 9070 com 2x DVI e 2x HDMI, tem que olhar pela bios de uma 9070 XT que seja igual nesse quesito.

Referências:

https://www.hardwareluxx.de/community/threads/offizieller-amd-rx-9070-xt-overclocking-und-modding-thread.1364991/#post-30739265

https://www.overclock.net/threads/amdvbflash-modded.1817620/#replies

https://docs.google.com/spreadsheets/d/1Zs0eGgtLWELBucG_pGrrp_nq2KUYXNHBqpjpQFroB2k/edit?gid=393763489#gid=393763489

Shuntmod + EVC

Se você tem uma GPU NVIDIA minimamente moderna e quer se livrar do Power Limit, basta fazer um Shunt Mod, que consiste em soldar outro resistor (ou fio em modelos mais antigos) em paralelo com os já existentes para enganar a placa.

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Com as RX 9000, a AMD adotou algo similar, sendo possível fazer um mod com solda para remover o Power Limit e ainda dá pra ir mais longe e colocar um Elmorlabs EVC para fazer a alteração das tensões de GPU e Memória.

Caso opte por esse caminho, é possível encontrar os mods nesses vídeos (#1 e #2) do Buildzoid.

Script do Linux

Se as duas opções anteriores seguem por um caminho um pouco mais tradicional, essa é bem inovadora e por sinal, a que foi utilizada nesse artigo! Um camarada de nick fpsflow desenvolveu scripts para Linux que permitem reconfigurar os parâmetros da controladora PWM, o que é basicamente o que o EVC faz, contudo, aqui você precisa apenas de uma distro Linux LiveCD para fazer a coisa funcionar!

O legal desses scripts é que eles permitem fazer alterações de maneira pontual, que duram enquanto a máquina estiver ligada, ou seja, você pode entrar no Linux, rodar o script e reiniciar para o Windows mantendo os parâmetros novos ou mesmo regrava-los de maneira permanente.

Apesar de muitos terem horror, preconceito ou trauma passado com o Linux, rodar o script é muito simples! O primeiro passo é criar um pendrive bootavel com alguma distro LiveCD, aqui usei o CachyOS, mas pode ser qualquer outro da sua preferência. Além disso, copie os arquivos dos scripts (o rdna4.sh e o rdna4_old.sh) na raiz do pendrive.

Ao bootar o sistema, é importante que ele tenha acesso a internet, já que o script faz o download de algumas dependências caso elas já não estejam instaladas. O primeiro passo é abrir um terminal e rodar um uname -r para verificar qual a versão do kernel instalada, caso seja anterior ao 6.17RC3, use a versão rdna4_old.sh do script, caso contrário, o rdna4.sh.

Feito isso, copie a versão correta do script para a pasta /home, isso é importante, já que é necessário rodar o script a partir de um sistema de arquivos Linux. A partir dai, abra o terminal na pasta /home e rode o comando chmod +x rdna4.sh (ou rdna4_old.sh), que dá permissões para o script rodar como executável, bastando dai dar um ./rdna4.sh para executar-loe ver as configurações ativas e um ./rdna4.sh -m para abrir o menu que permite alterar os parâmetros (PPT, TDC, offsets de tensão).

É importante esclarecer que existem duas opções quanto a aplicação dos ajustes: A primeira é temporária e dura enquanto a máquina estiver ligada e a outra é permanente, onde os parâmetros do controlador PWM são regravados, o que requer muita cautela com o uso.

Referências:

https://www.overclock.net/threads/increasing-rdna3-rdna4-desktop-class-power-limits-and-adding-vid-offsets.1816083/page-2?post_id=29481571&nested_view=1#post-29481571

Configurações utilizadas:

CPU: AMD Ryzen 7 9700X (Obrigado AMD!)

MOBO: ASUS ROG Crosshair X670E Gene

RAM: 2x16GB Teamgroup T-Create Expert DDR5-7200CL34 1.4V – CTCWD532G7200HC34ADC01 – (Obrigado Teamgroup!)

GPU: GIGABYTE RX 9070 GAMING OC

PSU: Coolermaster MWE 1250 Gold V2 (Obrigado Cooler Master)

COOLER: Watercooler Custom da bancada.

SSD: Crucial BX300 120GB (SO), Teamgroup Vulcan Z 1TB (Jogos)

Software: Windows 11 x64 24H2, 3dmark Steel Nomad, Black Myth: Wukong, Cyberpunk 2077, Horizon: Zero Dawn, e SOTTR.

Objetivo e metodologia dos testes:

Aferir o desempenho do Radeon RX 9070 em uma série de benchmarks, operando em diferentes condições, no caso, em stock (240W), OC máximo possível com a bios padrão (240W+10%, -80mV de undervolt e VRAM em 2800MHz), OC com PPT aumentado para 330W (-80mV e VRAM em 2800MHz) e por fim, com 330W+10% (-80mV e VRAM em 2800MHz), com o objetivo de ver os ganhos e como essa GPU escala nessas condições.

Resultados:

Consumo:

A primeira coisa é verificar se os ajustes do scripts estão de fato sendo aplicados e qual seu impacto no consumo da placa e para isso, foi utilizado o Elmorlabs PMD com o acessório para slot PCI-E, afinal, medir apenas o que está sendo exigido dos conectores PCI-E 8-pinos resultaria em um cenário irreal, ignorando até 75W do consumo total.

A RX 9070 Gaming OC possui TDP padrão de 240W, o que é um teco a mais que os 220W de referência da AMD, o que na prática, resultou em um consumo médio que ficou entre 240 e 270W, com spikes acima de 325W, o que é necessário ficar atento na hora de dimensionar a fonte, já que além do valor além do rotulado, ainda é preciso que a fonte consiga lidar com esses picos. Outro detalhe é que o consumo no slot PCI-E é de 0W, ou seja, esse projeto usa o slot apenas para sinais, com alimentação sendo feita exclusivamente pelos conectores de força de 8-pinos.

Ao aumentar o Power Limit em +10%, o que resulta em aproximadamente 270W, ai a RX 9070 ficou entre 275 e 300W, com ocasionais spikes em 375W e um ‘recorde’ em 400W!

Após usar o script para aumentar o TDP para 330W, foi observado consumo entre 350 e 375W, podendo exceder esses 375W ao aumentar o limite em mais 10%. Sobre os spikes, ficaram na casa de 500W.

O caso é que o script realmente funciona e libera o TDP conforme o configurado, claro, fazendo as devidas considerações sobre o consumo ser um pouco maior do que o configurado, mas ele meio que mantendo a mesma margem em relação ao extra que ela já consome em stock.

Com o TDP aumentado, por óbvio também aumentou a dissipação de calor da GPU, contudo, a RX 9070 XT Gaming OC usa esse mesmo cooler e PCB, apenas com um conector de 8-pinos a mais e como ela já tem TDP padrão de 330W, não houve nenhuma dificuldade para o sistema de refrigeração lidar com a carga extra.

Benchmarks:

Sobre os benchmarks, foram escolhidos o 3DMark Steel Nomad, Black Myth: Wukong, Cyberpunk 2077, Horizon: Zero Dawn e Shadow of the Tomb Raider (SOTTR) e usadas as ferramentas de benchmark integradas, já que o intuito aqui é verificar como ficou o ‘scaling’ da RX 9070 com os ajustes e power limit adicionais.

Todos os jogos foram testados em 4K com os presets de qualidade máxima no SOTTR e Horizon Zero Dawn, no Cyberpunk 2077 foi com os settings no máximo, porém, com RT no médio, FSR desativado e por fim, no Wukong, foi no Cinemático com RT médio e o FSR no Nitidez 30.

Os ganhos vieram e na média foram de 12.81%, com o menor deles ficando por conta do Black Myth: Wukong, que de stock para 363W ganhou apenas 4.37%, mas curiosamente, perdendo um pouquinho de desempenho ao ir para 270W, o que apesar de ter sido consistente, é algo um pouco dificil de se explicar.

Já o Cyberpunk 2077, esse escalou lindamente ao aumentar o limite de potência máxima, chegando a ganhar 19.33% de desempenho com 363W! A explicação é que em stock, a frequência da GPU fica um pouco abaixo de 2500 MHz, subindo para algo na casa dos 3000 MHz com o TDP adicional e undervolt.

Tomando como referência os resultados do TechpowerUp, onde em 4K, a RX 9070 XT apresenta uma vantagem de cerca de 9% sobre a RX 9070, dá pra dizer que foi possível chegar junto do modelo maior só na base do ajuste fino e do overclock, o que é bem legal e relembra os tempos passados, onde o negócio era comprar os modelos mais baratos, fazer overclock para chegar junto dos mais caros e com isso, economizar uma grana.

Conclusão:

Depois de uma geração boa (RX 6000) só que artificialmente limitada para overclock e outra que acabou ficando abaixo das próprias expectativas internas (RX 7000), a AMD acertou com as RX 9000, com o hardware evoluindo em praticamente todos aspectos em relação a geração anterior e felizmente, dessa vez não colocaram limites artificiais de frequência nas GPUs, o que aliado a criatividade ou mesmo genialidade de alguns usuários avançados, transformou essas placas em uma baita oportunidade para os overclockers, liberando ajustes de TDP e das tensões de maneira bem simples!

Ao liberar até 363W de TDP e fazer undervolt com overclock nas memórias, foi possível obter um ganho médio de desempenho de quase 13% em relação ao padrão dessa RX 9070, efetivamente colocando-a no mesmo patamar ou até mesmo acima de uma RX 9070 XT padrão, isso por um custo de aquisição menor, o que é bem legal e de certa forma, nostalgico, já que lembra os tempos antigos em que comprar o modelo mais barato e fazer overclock até chegar no desempenho do maior era lei.

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