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ASUS A7N8X-X + Athlon XP: Introdução e primeiros passos – Parte I

Fala pessoal, beleza?

Aqueles que me acompanham no HWBOT já devem ter percebido que tenho certo gosto por hardware “retrô” e que tenho vários resultados em coisas como AMD K6, Pentium MMX e anteriores, apesar disso, nunca realmente abordei o tema aqui na página e considero isso algo meio que decepcionante da minha parte… Então, que tal resolver esse problema? 😉

Nessa série, começando a partir desse post, devo abordar o processo de preparação de uma ASUS A7N8X-X para uso em overclock pesado, tal como resultados nos benchmarks usando os bons e velhos Athlon XP e por fim, como não poderia faltar, overclock extremo! Então vamos lá! 🙂

O Athlon XP trata-se de um CPU lançado pela AMD em 2001 e um representante da extremamente bem sucedida arquitetura K7 que estreou em 1999 no Athlon e direta ou indiretamente foi a responsável pelos anos de ouro da empresa até o lançamento do Core 2 Duo. Em relação ao Athlon original, o “XP” usava o mesmo socket 462 (ou também chamado de socket A) e trouxe algumas melhorias na arquitetura, suporte a instruções SSE e inicialmente o mesmo foi lançado em 180nm em um core cujo codenome era “Palomino”, sofrendo um posterior “die-shrink” para 130nm que trouxe ganhos de frequência (ao menos em um segundo momento, com a revisão B) e um novo nome, Thoroughbred B ou simplesmente “T-Bred B” sendo que além desse ultimo, a AMD também produziu uma variante do mesmo chamada “Barton” que possuía desempenho um pouco melhor por conta de ter dobrado o cache L2 (512KB) em relação ao T-Bred B.

cpus 462

Esses CPUs ainda não tinham o controlador de memória integrado no die sendo que o mesmo ficava no chipset “ponte norte” e o CPU se comunicava com o mesmo por um barramento chamado FSB (Front Side Bus), o que evidentemente representava um certo gargalo pois a banda de memória/latência era altamente dependente da frequência do FSB e isso era um fator limitante especialmente em máquinas com mais de um CPU. Outra questão importante é que várias empresas distintas forneciam chipsets (ALi/ULi, NVIDIA, SIS e VIA, só para citar algumas) e existiam diferenças notáveis de desempenho entre os mesmos, assim como na qualidade de construção das placas usando um chipset ou outro e a implicação disso é que a placa-mãe tinha impacto muito maior do que hoje no desempenho da máquina.

Para essa série, a placa-mãe que irei utilizar é uma ASUS A7N8X-X que foi doada por um amigo vários anos atrás e estava encostada aqui desde então. Essa placa nem mesmo em sua época figurava entre melhores opções disponíveis por uma série de fatores que detalharei logo adiante, entretanto, o objetivo aqui é justamente tentar melhorar esses pontos e ver até onde é possível chegar com a mesma, independente das suas limitações. 🙂

O chipset utilizado é o nForce 2 400, que ao contrário das variantes “Ultra” normalmente utilizadas nas placas high-end na época, essa versão era destinada a placas mais simples e por isso não possuía suporte a dual channel, o que implica que isso pode ser uma desvantagem, ainda que não muito significativa, em alguns benchmarks mais dependentes de memória como o SuperPI 32M.

Para ilustrar os recursos disponíveis nas placas com chipset nForce 2 400, trago-lhes esse diagrama que retirei do manual da Chaintec 7NJL3 que em relação a A7N8X-X, mudam a LAN integrada, codec de áudio e chip I/O. É interessante observar que a NVIDIA já usava o HT Link na comunicação entre a ponte norte e sul, o que não chega a ser surpreendente, afinal de contas, eles também faziam parte do grupo de empresas por trás desse barramento.

Como é possível perceber pela foto da placa-mãe que coloquei logo acima, todos os capacitores relativos ao VRM estavam estufados e precisando ser substituídos, entretanto, a ideia aqui é substituir logo o VRM pelo EPOWER V, então simplesmente removi esses componentes e os respectivos indutores, conforme pode ser visto na galeria abaixo.

Mas porque não substituir esses capacitores por outros e usar o VRM “padrão”? O primeiro problema é que essa placa utiliza a linha de +5V para alimentar o CPU e qualquer fonte minimamente moderna tende a oferecer linhas de +12V robustas em detrimento dos +5V, afinal de contas, lá para 2004 a maior parte das placas-mãe novas já adotavam o conector de força de 4 pinos dedicados para o CPU, alimentando o mesmo com a linha de +12V e isso é algo que permanece até hoje, ainda que o número de pinos tenha aumentado. Sabendo disso, mesmo a Antec TRUEPOWER Quattro 1200W que uso na bancada pode oferecer no máximo 30A na linha de +5V, o que pode acabar limitando o overclock máximo, então esse é o primeiro motivo pela qual resolvi usar o EPOWER V.

O segundo motivo é que essas placas são famosas por ter um OVP na casa dos 2V e nesse caso em especifico, contornar essa proteção não é algo lá muito simples ou legal de se fazer, sendo assim, mais um motivo por ter recorrido ao EPOWER V.

Mas como sempre, nem tudo são flores e o EPOWER V apresenta limitação de no máximo 2160mV na tensão de saída, o que pode ser insuficiente para alguns CPUs desse socket, em especial os antigos modelos fabricados em 180nm, portanto, para essa série focarei apenas nos T-Bred B, Barton e suas variantes que normalmente já se dão por satisfeitas com isso. 🙂

O próximo passo foi raspar o pcb para remover o verniz e expor a camada de cobre para aumentar a área para soldar os fios do VCC vindos do EPOWER. Para os GND, usei os pontos de fixação por parafuso da placa, o que não é exatamente a melhor das opções mas era o que tinha disponível. 😉

Visando preparar a placa para testes extremos, já aproveitei para fazer a aplicação do plastidip antes de botar o EPOWER no lugar pois seria um tanto mais complicado fazer isso depois sem causar uma pequena lambança! 🙂

Como já disse no post da 4850+EPOWER, um dos aspectos mais importantes na hora de montar o EPOWER ou outra powerboard é verificar com atenção o lugar onde o mesmo será instalado para evitar problemas na hora de instalar dissipadores, pot ou mesmo visando manter a conexão entre a powerboard e a vitima com o menor comprimento possível. Por esses critérios, cheguei a conclusão que o único lugar viável de posicionar o EPOWER nessa placa seria logo acima do espelho traseiro, igual na foto abaixo.

E por fim, como ficou a A7N8X-X depois do EPOWER V montado. Tenham em mente que ainda tenho muito o que fazer nessa placa até que diga que ela está “pronta”, entretanto, isso é o mínimo que já posso considerar como “adequado” para verificar se a placa funciona nos primeiros testes. 🙂

Aproveitando a deixa, também adaptei um bloco chinês para usa-lo na plataforma 462 juntamente a aquele loop que costumo usar nos testes de GPU, como por exemplo aqui, o que deve ser suficiente para manter a temperatura dos CPUs sob controle, afinal de contas, esses CPUs podem até ser antigos, porém, dissipam tanto calor quanto um CPU moderno.

E por fim, as fotos da bancada, primeiro usando um air cooler genérico bastante similar ao cooler box para atestar o funcionamento da placa e depois usando o loop com o bloco modificado.

Como é possível ver pelas fotos, funcionou! Agora não significa que o monstro está pronto, tem muita coisa o que fazer ainda mas apenas para deixar ainda mais claro o funcionamento, segue um benchmark do Cinebench 2003 em um Duron 1600 levemente overclockado! 🙂

duron cinebench 2003

E nesse primeiro post é isso que tenho a lhes mostrar! Na segunda parte devo mostrar as demais modificações que foram feitas tal como os resultados obtidos. Até a próxima!

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2 Responses

  1. Rodrigo disse:

    Sem palavras pra essas modificações rsrsrs Ficou muito louco!

    Cheguei no seu post pq estou querendo aprender mais sobre eletrônica e tenho exatamente uma placa dessas parada há um tempo que não dá vídeo e não consigo achar nenhum diagrama. Consegui da A7V8X, mas da N8 não… Vc teria esse diagrama.

    Abraço,

    Rodrigo.

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