Opteron 6238 ES – Apresentação, testes e overclock extremo
Fala pessoal, beleza?
Alguns dias atrás, foi publicado aqui no site um artigo de primeiras impressões da Jingsha X89, que se trata de uma placa-mãe chinesa para o socket G34, portanto, dedicada as CPUs da antiga linha de processadores para servidores da AMD, chamados de “Opteron” e naquela ocasião, acabei por não realizar nenhum teste, afinal de contas, a CPU ainda não havia chegado, no entanto, agora que o tenho em mãos, chegou a hora da apresentação e dos testes! 🙂
Sobre o processador que tenho em mãos, é uma amostra de engenharia do Opteron 6238, que no caso, trata-se de um modelo da geração “Interlagos” baseado na arquitetura “Bulldozer” com 6M/12T, ou seja, vendido como 12 cores e sua frequência base é de apenas 2.6 GHz. É importante ressaltar que além desse ES ser completamente destravado com multiplicador até 31.5X e VID até 1.55V ajustáveis via software, ele também é da revisão B1, enquanto os modelos comerciais são B2 e ao que consta das informações da época, a diferença é que os rev.B1 frequentemente não atingiam o “target” de frequência dentro do TDP requerido, especialmente nos modelos AM3+ e por essa razão, foi necessário mais uma revisão.


Como era de se esperar, a Jingsha X89 não possui nenhuma opção para overclock na bios, excetuando-se o ajuste da frequência da memória, que infelizmente não funciona, porém, existem softwares que podem ser utilizados para fazer overclock nessa plataforma, no caso, o AMD PSCheck, que se trata de uma ferramenta da própria AMD que foi liberada no lançamento e permite alterar os “P-States” dos processadores usando arquitetura “Bulldozer” e derivados, e o R/W Everything para acessar e alterar as configurações do gerador de clock, conforme explicado no artigo da placa-mãe.


Vamos então aos resultados!
- Configuração utilizada:
CPU: AMD Opteron 6238 ES
MOBO: Jingsha X89L
VGA: Galax GTX1650 Super (Obrigado Galax!)
RAM: 2x4GB Avexir Core Series 2400 CL12 @ 1600 CL11
REFRIGERAÇÃO: Watercooler da bancada e SF3D Inflection Point
STORAGE: SSD PNY 60GB e Sandisk 120GB
SO: Windows 7 x64 SP1 (LN2), Windows 10 x64 2004 “Ghostspectre” Compact, Blender 2.82a e HWiNFO 6.28
Objetivo dos testes: Aferir o desempenho do Opteron 6238 em alguns benchmarks visando estabelecer a comparação com um quad core moderno e descobrir como essa CPU se comporta quando submetida a temperaturas negativas (-196ºC, LN2) em uma breve sessão de overclock extremo.
Detalhes de como foram conduzidos os testes estão contidos nos textos abaixo.
- Benchmarks:
A título de curiosidade e comparação com um processador moderno, rodei no 6238 os benchmarks que costumo usar nos reviews e coloquei ao lado do R5 2400G com esse rodando em stock, com o Wraith Stealth e DDR4-3200. Como já havia dito no artigo da placa-mãe, esses Opteron, em especial os baseados na arquitetura “Bulldozer”, padecem do mesmo IPC baixo de suas contrapartes de desktop e com os agravantes da frequência de operação baixa relativa a esses e também pelo fato de existir mais de um “NUMA Node” nesses modelos MCM.
Antes dos resultados, é necessário destacar que foi utilizado a versão do Windows 10 do “Ghostspectre” para obtenção dos resultados no Opteron ao invés do sistema “oficial” da Microsoft e foi feito assim, pois por alguma razão, a versão padrão do sistema se recusou a instalar nessa máquina e a implicação é que isso deve ter dado uma pequena ajuda para o Opteron, também não figuram resultados com overclock aqui por conta do PSCheck funcionar apenas no Windows XP e no 7 e por fim, infelizmente sem números em jogos por conta da RTX2080 estar temporariamente “fora de combate”. 🙁








Excetuando-se o WinRAR, onde houve praticamente um empate entre às duas CPUs, em todo resto a diferença foi bastante considerável, excedendo os 100% nos benchmarks single thread, que como foi dito anteriormente, é o ponto fraco do Opteron juntamente a baixa frequência de operação e apesar de não ter rodado testes com jogos, já fica bastante evidente que os resultados também deixariam bastante a desejar.
- Overclock extremo:
Como os AMD 45 nm e 32 nm (K10, Bulldozer e Piledriver) em suas variantes AM3+ costumam apresentar excelente comportamento em overclock extremo por escalarem extraordinariamente bem com temperaturas negativas e não apresentarem coldbug, é de se esperar que os Opteron G34 também apresentem essas características, no entanto, por conta desses chips estarem restritos a uso em servidores com placas-mãe voltadas a esse fim e também pelo fato das amostras “retail” serem travadas, ninguém (pelo menos de acordo com a database do HWBOT) realmente chegou a testar essas CPUs em overclock extremo, o que significa que por mais que esse hardware hoje seja de certo modo antigo, ele ainda precisa ser desbravado, então, se aproveitando do fato que esse exemplar é destravado e que havia sobrado um pouco de LN2 da sessão do i9-10900K, resolvi que seria uma boa ideia fazer um teste rápido com essa CPU em condições extremas para ver se ela se sairia tão bem quanto as contrapartes para desktop. 🙂
Para o isolamento da placa-mãe foi utilizado borracha limpa-tipo e papel toalha de maneira não tão cuidadosa, afinal de contas, essa foi uma sessão rápida com o restinho do LN2 que sobrou, por isso, se forem congelar um “monstrinho” desses com essa placa, sugiro o uso de plastidip ou cobrir melhor o PCB com mais borracha.
Do comportamento da CPU quando submetida ao frio extremo, felizmente foi da mesma maneira que um FX AM3+ regular, ou seja, sem coldbug ou maiores complicações advindas das temperaturas baixas e também escalando de maneira similar, o que é excelente e realmente um dos poucos pontos positivos dessa geração! 😀
Já sobre os resultados, para o Cinebench R15, foi possível esticar a frequência até os 5.5 GHz com 1.55V aplicados via PSCheck, o que é uma marca até que interessante se considerarmos a placa-mãe com VRM limitado, que no caso, precisou de uma “mãozinha” do LN2 jogado diretamente sobre o dissipador para conseguir completar esse teste e sobre o SuperPI 1M, ao testar individualmente o limite de cada módulo, foi possível completar esse benchmark @ 6.3 GHz 1.55V e fazer validação do CPU-Z com essa frequência aplicada aos cores 11 e 12, o que é animador do ponto de vista dos testes futuros, afinal de contas, o VRM original da placa pode ser substituído por outro mais adequado para a tarefa e também da viabilidade em superar a barreira dos 6.3 GHz (mult 31.5X) fazendo overclock via HTT, o que implica em tentar quebrar a barreira dos 7 GHz para benchmarks leves e validação! 🙂


Validação CPU-Z:
E por fim, as fotos do hardware congelado:




- Conclusão:
- No que diz respeito ao desempenho, a frequência baixa aliada ao medíocre IPC da arquitetura “Bulldozer” fizeram com que os números do Opteron 6238 ficassem bem aquém daqueles apresentados por um simples R5 2400G e que apesar de não ter testado em jogos, o desempenho nesse “workload” deve ser absolutamente medíocre por conta do baixo rendimento em single thread e do subsistema de memória, o que significa que se o propósito for montar um “dragãozinho chinês” com peças do AliExpress, os Xeon são uma alternativa muito melhor.
- Apesar das amostras de engenharia (ES) desses processadores serem completamente destravadas, elas não só são mais difíceis de se encontrar como também são mais caras e para fechar com chave de ouro, o PSCheck, que é o software que permite alterar os P-State e fazer overclock, não funciona no Windows 10, o que complica ainda mais as coisas.
- Já no que diz respeito ao overclock, mesmo em uso extremo ele se comporta da mesma maneira que um FX AM3+, ou seja, não apresenta coldbug, escala lindamente com a temperatura e ainda tem o fator “pioneirismo” na jogada, afinal de contas, de acordo com a database do HWBOT, ninguém enviou um resultado usando essas CPUs com refrigeração extrema, então, enfim chegamos a um ponto positivo desse processador! 😀
- Relativo às frequências obtidas, foi possível completar o Cinebench R15 @ 5.5 GHz 1.55V e validar 6.3 GHz 1.55V, o que no caso, é o limite sem se usar de artifícios como overclock no HTT, algo que ficará para uma sessão futura possivelmente com maiores modificações na placa-mãe.
E por hoje é isso pessoal, até a próxima!
Gostou desse artigo? Ele lhe foi útil? Contribua com o apoia-se da página para que seja possível continuar trazendo novos conteúdos aqui na The Overclocking Page!
Muito BOM!, estava procurando informações para tentar melhorar o desempenho de meu Opteron 6220 acho que isso ajudou bastante, só não entendo porque os caches L2 e L3 apresentam metade do que é informado na Bios e pelo fabricante lá no CPUz, eles possuem 16MB mas o L3 apresenta apenas 6 e o L2 apenas 8 🙁